Localizado na região metropolitana de Porto Alegre, o Aeroporto Salgado Filho está fechado há mais de seis meses. Durante as fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em maio, tanto os terminais quanto as pistas ficaram inundados. Após muita espera, a previsão é que as operações sejam retomadas no próximo dia 21. Com as operações, o que volta também é o otimismo entre os entusiastas do turismo gaúcho, sobretudo com Gramado.
Em 2023, a cidade recebeu 8,2 milhões de visitantes, num ano que marcou a grande recuperação do estado desde a pandemia da Covid-19. "O turismo representa 86% da economia de Gramado. Ou seja, podemos dizer que ele é responsável pela existência da cidade, que lá no passado escolheu ter uma matriz econômica baseada no turismo", afirma o secretário da pasta da cidade, Ricardo Reginato, à EXAME.
As demais atividades do município existem, e funcionam bem, pelo turismo. "Em vez de escoar a produção, atraímos o comprador", simplifica o secretário.
No dia de maior atividade em 2023, foram 132 mil pessoas circulando pelas ruas da cidade em um único dia. Isso significa que, a cada 4 pessoas, pelo menos 3 eram turistas nos dias de pico do ano passado. Para entender a magnitude disso, a cidade, com apenas 40 mil habitantes, conta com mais de 26 mil leitos hoteleiros.
No entanto, após a catástrofe no estado, a cidade teve ocupação de apenas 13% destes leitos. Em junho de 2023, a cidade fechou o mês com 76% de ocupação — no mesmo período de 2024, essa taxa foi para 54%. A previsão era de 80%.
Sem o aeroporto de Porto Alegre, que fica a menos de duas horas de carro de Gramado, os visitantes que quisessem conhecer a cidade tinham que despender mais tempo e dinheiro. Os pontos mais próximos para chegar ao município por via aérea, sem o Salgado Filho, eram Caxias do Sul, Jaguaruna, Florianópolis, Pelotas e Santo Ângelo. A distância entre Florianópolis a Gramado, por exemplo, ultrapassa cinco horas percorridas de carro.
Por que uma rede de ursinho de pelúcia decidiu investir R$ 100 milhões num hotel temático em Gramado
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Hotel Mundo Criamigos em Gramado RS
Foto: Leandro Fonseca
Data: 05/07/2024
(Mundo Criamigos: hotel tem 32 suítes temáticas para crianças)
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Hotel Mundo Criamigos em Gramado RS
Foto: Leandro Fonseca
Data: 05/07/2024
(Hotel Mundo Criamigos: são R$ 100 milhões em investimento para abertura do hotel)
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Hotel Mundo Criamigos em Gramado RS
Foto: Leandro Fonseca
Data: 05/07/2024
(Hotel Mundo Criamigos: são três andares mais um andar térreo)
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Hotel Mundo Criamigos em Gramado RS
Foto: Leandro Fonseca
Data: 05/07/2024
(Hotel Mundo Criamigos: em alguns quartos, há espaço reservado para os pais)
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Hotel Mundo Criamigos em Gramado RS
Foto: Leandro Fonseca
Data: 05/07/2024
(Hotel Mundo Criamigos: quartos têm tamanho médio de 40 metros quadrados)
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Hotel Mundo Criamigos em Gramado RS
Foto: Leandro Fonseca
Data: 05/07/2024
(Hotel Mundo Criamigos: diárias partes de R$ 1.500)
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Hotel Mundo Criamigos em Gramado RS
Foto: Leandro Fonseca
Data: 05/07/2024
(Hotel Mundo Criamigos: corredores têm projetores)
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Hotel Mundo Criamigos em Gramado RS
Foto: Leandro Fonseca
Data: 05/07/2024
(Hotel Mundo Criamigos em Gramado: quartos recebem até seis hóspedes)
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Hotel Mundo Criamigos em Gramado RS
Foto: Leandro Fonseca
Data: 05/07/2024
(Hotel Mundo Criamigos: na recepção, ursinhos de pelúcia recepcionam os hóspedes)
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Natiele Krassmann e Veronicah Sella, da Criamigos socias do hotel Mundo Criamigos em Gramado RS
Foto: Leandro Fonseca
Data: 05/07/2024
(Natiele Krassmann e Veronicah Sella, da Criamigos: "Quem inaugura um hotel no meio disso é muito otimista e corajosa")
Esperança pela volta do turismo nacional
O turismo da cidade é baseado no mercado nacional. Mas, sem o aeroporto, o foco passou a ser regional. "Nos últimos meses acabamos priorizando nossas campanhas de comunicação nos mercados da região Sul do Brasil, além de Uruguai, Paraguai e Argentina", exemplifica Reginato.
Em julho de 2023, o mercado de São Paulo representou 30% da movimentação, atrás apenas dos gaúchos e na frente dos catarinenses. Em 2024, a ordem se inverteu. Os catarinenses foram 28% e os paulistas passaram a representar apenas 19%.
A volta do aeroporto é um sopro de esperança para os gramadenses. "Só faltava ele. Tínhamos tudo para oferecer, menos a conectividade", afirma o secretário.
Desde o final de maio, tudo já estava funcionando em Gramado. Na época, uma convocatória para que o empresário local retomasse as atividades ao final do mês foi feita. "No fim do mês já tínhamos 85% da cadeia de turismo funcionando na cidade. Apenas não abriram aqueles que sofreram danos estruturais ou aqueles que tinham mais de uma unidade. Desde então, operamos integralmente, com fluxo ou sem fluxo", explica. Hoje, sem o aeroporto, a ocupação dos leitos hoteleiros da cidade flutuam entre 40% e 45% aos fins de semana, com 30% em dias de semana.
"Em maio estávamos vindo com uma projeção maior do que a do ano passado. Mas os meses de maio até setembro foram quase que um hiato: parece que não existiu", diz Ricardo Reginato.
No mês de julho — pleno mês de férias e inverno — dos 26 mil leitos hoteleiros, apenas 55% foram ocupados. O prejuízo na atividade econômica estimado, por causa das enchentes, já superam a marca de R$ 1 bilhão. Mas, com a volta do Aeroporto Salgado Filho, a expectativa da pasta é que a ocupação fique entre 30% e 70% até o fim do ano.
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Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS)
(Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS))
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Homens movem pacotes em um barco através de uma rua inundada no centro histórico de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 14 de maio de 2024. Crédito: Anselmo Cunha / AFP)
(Homens movem pacotes em um barco através de uma rua inundada no centro histórico de Porto Alegre)
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Vista das áreas inundadas ao redor do estádio Arena do Grêmio em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 29 de maio de 2024. A água e a lama tornaram os estádios e sedes do Grêmio e Internacional inoperáveis. Sem locais para treinar ou jogar futebol, os clubes brasileiros tornaram-se equipes itinerantes para evitar as enchentes que devastaram o sul do Brasil. (Foto de SILVIO AVILA / AFP)
(Vista das áreas inundadas ao redor do estádio Arena do Grêmio em Porto Alegre)
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Vista aérea do centro de treinamento do Internacional ao lado do estádio Beira Rio em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 29 de maio de 2024. Foto de SILVIO AVILA / AFP
(Vista aérea do centro de treinamento do Internacional ao lado do estádio Beira Rio em Porto Alegre)
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Pessoas atravessam uma ponte flutuante para pedestres sobre o rio Forqueta, entre os municípios de Lajeado e Arroio do Meio, no Rio Grande do Sul, Brasil, em 21 de maio de 2024. O Rio Grande do Sul experimentou um desastre climático severo, destruindo pelo menos seis pontes e causando interrupções generalizadas no transporte. O exército respondeu construindo pontes flutuantes para pedestres, uma solução temporária e precária para permitir que a infantaria atravesse rios durante conflitos. (Foto de Nelson ALMEIDA / AFP)
(Pessoas atravessam uma ponte flutuante para pedestres sobre o rio Forqueta)
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Ana Emilia Faleiro usa um barco para transportar suprimentos em uma rua inundada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, em 26 de maio de 2024. O estado sulista do Rio Grande do Sul está se recuperando de semanas de inundações sem precedentes que deixaram mais de 160 pessoas mortas, cerca de 100 desaparecidas e 90% de suas cidades inundadas, incluindo a capital do estado, Porto Alegre. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Ana Emilia Faleiro usa um barco para transportar suprimentos em uma rua inundada em Porto Alegre)
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Um homem limpa sua casa atingida pela enchente no bairro Sarandi, um dos mais atingidos pelas fortes chuvas em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 27 de maio de 2024. Cidades e áreas rurais no Rio Grande do Sul foram atingidas por semanas por um desastre climático sem precedentes de chuvas torrenciais e enchentes mortais. Mais de meio milhão de pessoas fugiram de suas casas, e as autoridades não conseguiram avaliar completamente a extensão dos danos. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Um homem limpa sua casa atingida pela enchente no bairro Sarandi)
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Alcino Marks limpa corrimãos sujos de lama após a enchente no bairro Sarandi, um dos mais atingidos pelas fortes chuvas em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 27 de maio de 2024. Esta é a segunda enchente histórica que Marks enfrenta aos 94 anos de idade. A primeira foi em 1941, quando ele morava no centro de Porto Alegre. Cidades e áreas rurais no Rio Grande do Sul foram atingidas por semanas por um desastre climático sem precedentes de chuvas torrenciais e enchentes mortais. Mais de meio milhão de pessoas fugiram de suas casas, e as autoridades não conseguiram avaliar completamente a extensão dos danos. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Alcino Marks limpa corrimãos sujos de lama após a enchente no bairro Sarandi)
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(Um trabalhador usa uma mangueira de alta pressão para remover a lama acumulada pela enchente)
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(Destruição no RS após chuvas e enchentes)
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Vista da estátua de José e Anita Garibaldi na inundada Praça Garibaldi, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 14 de maio de 2024. Foto de Anselmo Cunha / AFP
(Vista da estátua de José e Anita Garibaldi na inundada Praça Garibaldi)
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Resgate de pessoas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, na Base Aérea de Santa Maria (RS).
(Resgate de pessoas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, na Base Aérea de Santa Maria)
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Eduardo Leite: “Faremos de tudo para garantir que a reconstrução preserve nossas vocações”
(Eduardo Leite: “Faremos de tudo para garantir que a reconstrução preserve nossas vocações”)
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Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS)
(Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS))
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(Imagem aérea da destruição no Rio Grande do Sul - Força Aérea Brasileira/Reprodução)
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Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 13 de maio de 2024. Foto de Nelson ALMEIDA / AFP
(Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas)
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(Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul)
Voos e decolagens no Salgado Filho
À EXAME, as companhias aéreas brasileiras afirmaram que vão retomar os voos no aeroporto de Porto Alegre já na segunda-feira, 21.
A Azul terá o maior movimento diário, com pico de 60 movimentos diários (pousos e decolagens), além de reforçar sua posição de empresa com a maior malha no Estado do Rio Grande do Sul. A companhia aérea passa a conectar novamente Porto Alegre com as cidades de Campinas (SP), Curitiba (PR), Belo Horizonte (Confins-MG), Congonhas e Guarulhos (SP), Galeão (RJ), além de ligações regionais para os municípios de Santa Maria, Santo Ângelo, Pelotas e Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.
Já a Gol terá uma oferta inicial, entre 21 e 26 de outubro, de 20 voos diários (chegadas e partidas) entre Porto Alegre e Congonhas (CGH), Galeão (GIG) e Guarulhos (GRU). A partir de 27 de outubro, haverá aumento para 34 voos diários (17 pousos e 17 decolagens), dos quais nove (idas e voltas) serão entre Congonhas e Porto Alegre, quatro envolvendo o Galeão, três para Guarulhos e um para Brasília. Em 16 de dezembro, a Gol terá aumento da sua oferta de voos em POA com 40 voos diários (20 decolagens e 20 pousos) no Salgado Filho na alta temporada de verão.
E a Latam vai operar 10 voos diários entre o aeroporto Salgado Filho e outros três destinos no Brasil a partir do dia 21. A oferta aumenta a partir de 27 de outubro, com 15 a 17 voos diários para 5 destinos domésticos. A retomada de 100% dos voos na capital gaúcha será realizada a partir de 16 de dezembro, segundo a concessionária Fraport, quando a companhia passará a oferecer 20 a 22 voos diários para 5 destinos domésticos. Antes das enchentes, a Latam operava 23 voos diários entre Porto Alegre e 8 destinos no Brasil.
Com o retorno parcial das operações no Aeroporto Salgado Filho, as companhias vão suspender suas operações na base aérea de Canoas. Clientes com passagens emitidas para voar de ou para a base aérea a partir de 21 de outubro serão reacomodados para Porto Alegre, no Salgado Filho.