Universidades: Doria afirmou que instituições de ensino superior e de curso profissionalizante da capital paulista podem retomar imediatamente as atividades presenciais para disciplinas práticas (Foto/Agência Brasil)
Mariana Martucci
Publicado em 13 de julho de 2020 às 14h45.
Última atualização em 13 de julho de 2020 às 18h11.
As instituições de ensino superior e de curso profissionalizante da capital paulista podem retomar imediatamente as atividades presenciais para disciplinas práticas, com limite de 35% da capacidade, uma vez que a cidade já está há mais de 14 dias na Fase Amarela do plano de reabertura do governo estadual, aunciou nesta segunda-feira o governador João Doria (PSDB).
Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, Doria também disse que a semana passada registrou queda pela terceira vez seguida no número de mortos no Estado pela Covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus.
"As instituições de ensino superior e de cursos técnicos de ensino profissionalizante poderão retomar atividades presenciais desde que a região esteja há 14 dias na Fase Amarela do Plano São Paulo. O funcionamento está limitado a 35% do número de alunos matriculados em cada instituição", disse Doria.
Também presente na coletiva, o secretário de Educação do Estado, Rossieli Soares, explicou que a volta às atividades presenciais englobará as disciplinas práticas — como as que exigem o uso de laboratórios, por exemplo — dada a dificuldade de realizar este tipo de atividade à distância.
Doria também comemorou o fato de, na semana passa, o número de mortos pela Covid-19 no Estado terem caído em 27 óbitos em relação à semana anterior. Foram 1.706 mortos pela doença na semana encerrada no sábado, contra 1.733 na semana anterior.
"Número de óbitos cai pela terceira semana consecutiva e São Paulo tem a menor taxa de mortalidade da série histórica", disse o governador, afirmando que a taxa de letalidade no Estado está em 4,8%.
"São boas notícias, mas que devem ser celebradas com muita moderação e com muita solidariedade também", disse Doria, afirmando ainda lamentar todas as mortes pela doença no Estado.
O comando da Organização Mundial de Saúde (OMS) foi questionado durante a entrevista coletiva da entidade nesta segunda-feira, 13, sobre o processo de reabertura das escolas, com países pelo mundo buscando equilibrar a questão da garantia do aprendizado de crianças e adolescentes com os riscos de mais contágios pela covid-19.
Líder da resposta da Organização Mundial de Saúde (OMS) à pandemia, Maria Van Kerkhove disse que algumas nações que reabriram as escolas de fato relataram surtos da doença nesses ambientes, "sobretudo em crianças mais velhas", mas ao mesmo tempo lembrou que as crianças tendem a desenvolver quadros mais leves da doença, embora tenha havido também casos de mortes nesse grupo.
Kerkhove afirmou, durante entrevista coletiva da entidade, que países têm reportado à OMS entre 1% a 3% do total de casos da doença em crianças, sendo que em algumas das nações isso chegou a 5% do total.
Segundo ela, de acordo com alguns estudos disponíveis, as crianças mais novas, com menos de 10 anos, tendem a ter menor prevalência, enquanto aquelas com mais de 10 têm prevalência similar à dos jovens adultos, de mais de 20 anos, "o que significa que elas podem ser infectadas, mas ter a doença mais leve".
Sobre a transmissão, Kerkhove admitiu que os cientistas ainda precisam ampliar seu conhecimento sobre esse tema especificamente nas crianças.
Também presente na coletiva, o diretor executivo da OMS, Michael Ryan, comentou o assunto. Ele disse que, nas comunidades em que a transmissão é intensa, "as crianças farão parte da transmissão". Ryan argumentou que o modo mais seguro de lidar com o problema é ter uma estratégia abrangente e de longo prazo para as sociedades em geral, não apenas para um ambiente delas, como as escolas. "Se suprimirmos os vírus em nossas sociedades, em nossas comunidades, então as escolas podem abrir em segurança", insistiu.
Ryan ainda pediu que a questão da reabertura das instituições de ensino não seja vítima de politização. "Devemos tomar decisões baseadas em dados, entender os riscos", defendeu, destacando questões sobre como está a taxa de transmissão na área em que se almeja reabrir escolas.