Linha Amarela do metrô de São Paulo: até o fim deste ano, 46 novos trens não terão onde circular, porque as estações ainda não ficaram prontas. (Marco Prates / EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2016 às 08h25.
São Paulo - Com atraso na conclusão das obras de três linhas de metrô, São Paulo terá até o fim deste ano 46 trens novos fora de operação.
A concessionária ViaQuatro, operadora da Linha 4- Amarela, já começou a receber mais 15 composições, enquanto a construção de quatro estações, sob responsabilidade do governo do Estado, ainda não foi finalizada.
A lentidão nas obras afeta também as Linhas 15-Prata e 5-Lilás. Os trens não terão onde rodar. O Metrô alega que os carros ficarão em testes.
Três trens foram entregues para a Linha 4, que liga a Estação Butantã, na zona oeste, à Luz, no centro. O quarto está previsto para chegar amanhã. O quinto será entregue no dia 4 de maio, segundo a concessionária ViaQuatro, empresa responsável pela linha e pelas aquisições.
Até o fim da concessão, a empresa deverá investir R$ 2 bilhões na compra de trens e equipamentos - a concessionária recebe parte da arrecadação das bilheterias do Metrô como contrapartida pelo montante.
Mas já não há espaço para abrigar as novas composições. "O estacionamento do pátio tem capacidade para abrigar os 14 trens da frota já em circulação. Os novos trens também serão abrigados no estacionamento do pátio, que está para ser ampliado com a retomada das obras da Linha 4", informa a ViaQuatro.
As obras de ampliação, no entanto, estão paralisadas desde julho do ano passado e só devem ser retomadas em junho deste ano - com conclusão prevista para 2018. Até lá, ainda não há definição sobre onde ficarão os carros.
O total de 29 trens foi pensado para atender à demanda das 11 estações previstas para a Linha 4-Amarela - hoje sete estão em operação. A concessão da linha para a ViaQuatro previa que a empresa adquiriria os trens e o governo faria as obras das estações.
A situação na Linha 4 é parecida com a do monotrilho da Linha 15-Prata, na zona leste, e na Linha 5-Lilás, na zona sul.
No caso da Linha 15-Prata, os trens lotam o pátio Oratório, onde os monotrilhos ficam estacionados enquanto a linha continua em construção. São, ao todo, 16 trens - a frota em operação é de quatro composições.
Ali, o Estado chegou a suspender a compra original, da empresa Bombardier, que era de 54 trens. A canadense chegou a estruturar uma fábrica de monotrilhos no Brasil para atender à demanda, mas agora a frota da linha será de 32 trens, uma vez que o Metrô congelou a extensão até Cidade Tiradentes, extremo leste.
O monotrilho tem atualmente 2,9 km de extensão. O consórcio responsável pela aquisição de trens e construção das vias completou o serviço até São Mateus.
Mas o governo optou por fazer licitações diferentes para a construção das estações - que deveriam ter sido entregues em 2014, mas ainda estão em construção.
Há vãos nos trilhos nos locais onde deveria haver as estações, e assim os trens já comprados não têm onde ser testados em conjunto.
Na Linha 5-Lilás, os carros fora de operação já foram alvo de vandalismo, como a reportagem noticiou duas vezes. A primeira foi em agosto do ano passado. A segunda vez foi há duas semanas. Os trens foram pichados.
O pátio no Capão Redondo, na zona sul, tem 15 trens à espera da conclusão das obras de ampliação da linha, até a Chácara Klabin, zona sul, prevista para terminar em 2018.
O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres, chama a situação de "irresponsável". "A garantia desses trens está correndo antes que eles sejam entregues à população", afirma.
Já o professor adjunto do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getulio Vargas Claudio Gonçalves Couto afirma que há poucas ações a serem tomadas para reverter a situação. "Agora é preciso que as obras continuem para que esses trens possam ser usados", argumenta.
Em nota, o Metrô afirma que todos os trens fora de circulação estão em testes. "Não é verdade que o Metrô de São Paulo terá 46 trens parados até dezembro pelo atraso de obras", diz a empresa, de responsabilidade da gestão Geraldo Alckmin (PSDB).
Entretanto, a estatal reconhece que, no caso da Linha 5, "das composições entregues, seis trens já estão com os testes concluídos e outros seis passam por testes", mas a empresa afirma que parte da frota só deverá circular pelo trecho já em operação da Linha 5-Lilás no segundo semestre do ano que vem.
"No caso da Linha 15, o primeiro monotrilho do Brasil, com trens especialmente projetados e desenvolvidos para o novo e inédito modal, os mesmos testes são necessários para garantir a operação segura do sistema", diz a nota.
Já a ViaQuatro informou que a compra dos novos trens obedece ao cronograma previsto para a linha.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.