(Renato Pizzutto/Band/Divulgação)
Publicado em 26 de outubro de 2024 às 13h03.
Última atualização em 26 de outubro de 2024 às 13h04.
A menos de dois dias para o segundo turno das eleições para prefeito da cidade de São Paulo, o deputado Guilherme Boulos (PSOL) usou o debate da TV Globo, o último antes da votação, e a sabatina com o influenciador Pablo Marçal (PRTB) para tentar virar a disputa com o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB). A avaliação de Cila Schulman, presidente do Instituto Ideia, é que o esforço do deputado dificilmente mudará a corrida no município.
“Não me parece que isso vai dar certo. Tem uma questão de tempo. Vamos lembrar da campanha do Bolsonaro em 2022. Todas as atitudes que o governo tomou para melhorar a imagem e atrair o eleitor aconteceram tarde e não foram suficientes para virar uma eleição com uma distância grande”, disse.
A especialista aponta que mesmo com uma porcentagem de indecisos próxima de 20%, segundo pesquisas públicas e internas das campanhas, são raras as viradas com poucos dias para o final da campanha.
Hoje, o agregador de pesquisas EXAME/IDEIA mostra Nunes com 50% das intenções de voto e Boulos com 35%, uma diferença de 15 pontos percentuais entre os candidatos.
“É muito raro. Podemos ver viradas neste cenário, até olhando para outras capitais, mas em campanhas que estão muito disputadas. Em São Paulo, o eleitor está votando por obrigação, e não por engajamento com um ou outro candidato”, avalia Cila.
Nesta reta final, Boulos buscou criar fatos políticos para atrair o eleitor indeciso, como a carta ao povo de São Paulo, a caravana pela cidade, os debates na rua com a população e a decisão de dormir na casa de eleitores.
Apesar de elogiar as últimas movimentações do deputado, a presidente do Instituto Ideia aponta que a rejeição de Boulos foi o grande impeditivo do candidato para se mostrar mais competitivo neste segundo turno.
“A rejeição se manteve ao longo da campanha. É muito difícil diminuir, porque, no geral, o que acontece é aumentar. Ele já saiu de um patamar muito alto, tanto pessoal quanto do PT”, disse.
Nunes, por sua vez, focou em eventos de campanha com o seu principal cabo eleitoral, o governador Tarcísio de Freitas, e se reuniu com o ex-presidente Jair Bolsonaro para reafirmar a aliança que parecia abalada durante o primeiro turno e a presença de Marçal.
Para Cila, Nunes evitou criar fatos, respondeu de forma adequada à crise da falta de energia e navegou em um cenário de certa forma confortável neste segundo turno por ser um prefeito com caixa cheio, entregas de obras e baixa rejeição, um contraponto ao seu adversário.
“Ele fica quase imbatível. A não ser que existisse um candidato muito extraordinário do outro lado, como foi o caso do Marçal. Um segundo turno entre os dois seria bem eletrizante. Como foi contra o Boulos, com uma alta rejeição, a campanha ficou meio parada, sem o eleitor do Nunes se movimentar”, disse.