(Luke Dray/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 16 de novembro de 2021 às 15h22.
Cerca de 21 milhões de pessoas perderam o prazo para tomar a segunda dose da vacina contra a covid-19, o equivalente a 9,81% da população brasileira, com base na projeção de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nessa esteira, o Ministério da Saúde lançou nesta terça-feira a campanha “Megavacinação contra a Covid-19". O objetivo é ampliar a cobertura vacinal da população ao incentivar a busca pela segunda dose para quem está atrasado e pela dose de reforço para os que completaram o ciclo de imunização há pelo menos cinco meses.
A ação começa neste sábado, que será o Dia "D" da vacinação, e vai até 26 de novembro:
— Temos que trabalhar fortemente pra ampliar a cobertura da segunda dose. Muitos não procuraram as unidades de saúde, o que é fundamental para garantir a proteção. O segundo objetivo é em relação à dose de reforço. Nós temos doses suficientes para garantir para garantir que cheguem a todas as 38 mil unidades de saúde no Brasil — afirmou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Segundo a secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Melo, a vacina com mais "faltosos" para segunda dose é a AstraZeneca, seguida da Pfizer e da CoronaVac. O número é maior as pessoas de 30 a 34 anos, faixa etária em que há 2,9 milhões atrasados:
— São múltiplas as estratégias que a gente tem tentado dirimir e diminuir esse quantitativo, porque nós queremos que essa população tenha esquema vacinal completo para se ter os benefícios.
Como mostrou O GLOBO, faltavam estratégias e políticas públicas de combate ao abandono vacinal, isto é, o ciclo de vacinação incompleto. Entre as principais razões para o atraso para segunda dose, segundo especialistas, estão o medo de sofrer reação adversa à segunda dose, o esquecimento da data e a desinformação.
O Brasil vê os dados de atraso vacinal dispararem desde 15 de abril, quando o número foi divulgado pela primeira vez. À época, Queiroga anunciou que 1,5 milhão de pessoas deixaram de voltar às salas de imunização.
O quantitativo saltou para 4,6 milhões de pessoas em 30 de julho. Já eram 7 milhões de “faltosos” em 11 de agosto, que passaram a 8,5 milhões no dia 20 do mesmo mês. Conforme noticiou O GLOBO, o número mais que dobrou em 40 dias, quando alcançou 17,2 milhões de pessoas em 1º de outubro. Cerca de 20 milhões estavam em atraso com a segunda dose da vacina em 19 de outubro.
Nessa perspectiva, a médica reforçou a importância de tomar a segunda dose e, posteriormente, a de reforço:
— A vacinação veio nos mostrar como uma das medidas de prevenção primarias, que a gente reitera. Nós temos as outras, que são as medidas de barreira (uso de máscara e distanciamento social). Mas a imunização veio nos trazer que nós diminuímos a quantidade da doença grave e, consequentemente, das internações e dos óbitos. Isso é um dos grandes ganhos — completou Melo.
Durante entrevista à imprensa, o ministro anunciou que ampliará a dose de reforço a toda a população adulta, isto é, a partir de 18 anos. Antes, a medida era autorizada para idosos, imunossuprimidos — pessoas com baixa imunidade, isto é, com câncer, HIV ou transplantadas, por exemplo — e profissionais de saúde. O intervalo, que antes era de seis meses para os três grupos, cairá para cinco para todo o público-alvo.
A dose de reforço será, preferencialmente, da Pfizer. Na falta dela, Janssen ou AstraZeneca devem ser administradas. A decisão se baseia nos resultados de estudo da Universidade de Oxford, encomendado pela pasta, que mostra que a vacinação heteróloga, isto é, com imunizantes de laboratórios diferentes, aumenta a resposta imune.
A pasta estima que, a partir de agora, mais de 100 milhões de pessoas estarão aptas a recebê-la nos próximos meses, sendo 12,4 milhões em novembro, 2,9 milhões em dezembro, 12,4 milhões em janeiro, 21,5 milhões em fevereiro, 29,6 milhões em março, 19,6 milhões em abril e 4,3 milhões em maio. Segundo a pasta, 10.751.598 pessoas já receberam a dose de reforço até o momento.