A presidente do STF, ministra Carmén Lúcia (Adriano Machado/Reuters)
Talita Abrantes
Publicado em 2 de novembro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 2 de novembro de 2017 às 20h20.
São Paulo – No último ano, a igualdade entre homens e mulheres no Brasil andou para trás. É o que revelam dados do Fórum Econômico Mundial, divulgados nesta quinta-feira (2). Segundo a entidade, o país perdeu 11 posições entre 2016 e 2017 no ranking The Global Gender Gap Report 2017.
O país está na 90ª posição entre 144 nações – no ano passado, estava em 79ª e em 67º em 2006, quando começou a série histórica. Nesse período, o fechamento do abismo entre homens e mulheres no país avançou apenas 3%. Entre os países da América Latina e Caribe, esse foi o terceiro pior desempenho em 2017.
Ao redor do globo, a tendência também foi de deterioração dos indicadores que medem a paridade entre os gêneros. Neste ano, a lacuna entre homens e mulheres está 68% fechada. Em 2016, estava em 68,3%. Segundo o relatório, essa é a primeira vez em uma década que o ciclo de igualdade é quebrado globalmente.
A igualdade é medida no ranking em uma escala que vai de 0 a 1 - quanto mais próximo de 1, maior a igualdade entre homens e mulheres. Para o Brasil, a nota registrada em 2017 foi de 0,684, a menor desde 2011, quando estava em 0,668.
No caso brasileiro, apesar dos progressos em áreas como educação, saúde e até (uma tímida melhora) no mercado de trabalho, o agravamento da baixa representação feminina na política foi o principal responsável pelo baixo desempenho do país no ranking de 2017.
“A ampliação da lacuna entre os gêneros em termos de empoderamento político foi muito grande para ser contrabalanceada pelo conjunto de modestos avanços no subíndice de oportunidade e participação econômica do país”, afirma o relatório.
No período analisado, o Brasil perdeu 24 posições no índice que avalia o empoderamento político das mulheres em cada nação. Motivo? Agora, temos menos mulheres com cadeiras no alto escalão do governo federal e no Legislativo.
Em 2016, quando Dilma Rousseff ainda era presidente da República, as mulheres ocupavam 15% dos cargos ministeriais, segundo os dados compilados pelo Fórum Econômico Mundial. No governo Temer, esse número caiu para 4%. Essas mudanças levaram o país a despencar de 82º para 134º em participação feminina no alto escalão governamental.
A queda dos Estados Unidos no ranking geral (de quatro casas para a 49ª posição) também se explica pelo mesmo motivo. Por lá, 80% das cadeiras no gabinete de Donald Trump são ocupadas por homens.
Apesar dos retrocessos, há alguns indicadores dignos de comemoração. Em 2017, segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil entrou para o seleto grupo das nações que zeraram a desigualdade entre homens e mulheres em termos de educação. Aqui, inclusive, elas chegam até a estudar mais do que eles.
Em termos de participação e oportunidades econômicas, o país avançou nove casas no ranking e passou de 91º para 83º nesse quesito. Mesmo assim, elas continuam ganhando menos do que eles. Segundo o estudo, a renda mensal média de uma mulher no Brasil equivale a 79% do que um homem ganha.
De acordo com o estudo, se a diminuição da desigualdade entre gêneros continuar nesse ritmo, o mundo vai levar 270 anos para equiparar as condições entre homens e mulheres no mercado de trabalho.