Brasil

Com medo, moradores do ES evitam sair de casa

Superlotado após a alta de mortes, o Departamento Médico Legal (DML) da capital foi fechado na segunda-feira

Onda de violência: metalúrgico soube da morte do irmão ao receber imagens pelo Whatsapp (Reuters)

Onda de violência: metalúrgico soube da morte do irmão ao receber imagens pelo Whatsapp (Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de fevereiro de 2017 às 09h29.

Vitória - A falta de policiamento no Espírito Santo causou uma onda de assaltos, arrastões e tiroteios no Estado desde o fim de semana, o que levou capixabas a evitarem sair às ruas na segunda-feira, 6.

Lojas foram arrombadas na Grande Vitória, mas não há balanço da Secretaria de Segurança Pública.

Superlotado após a alta de mortes, o Departamento Médico Legal (DML) da capital foi fechado na segunda-feira, 6, por orientação da Polícia Civil.

Eram quase 30 corpos no departamento, que tem só 12 gavetas frigoríficas, segundo o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Espírito Santo (Sindepes). "Parecia campo de guerra da Síria", disse Rodolfo Laterza, presidente da entidade. "Havia 16 cadáveres no chão."

O metalúrgico Prisleno Cesário Alves, de 27 anos, soube da morte do irmão Cleiton, de 34, quando recebeu uma foto pelo WhatsApp - imagens das vítimas dos crimes e vídeos de ataques a lojas têm circulado nas redes sociais.

"Reconheci pelo rosto e pela tatuagem no braço", contou Prisleno, que chegou ao DML na segunda-feira, 6, à noite. Segundo ele, o irmão era foragido da Justiça e pode ter sido vítima de uma emboscada.

Os olhos marejados da comerciante Tânia Regina Campos Chagas, de 49 anos, resumiam a tristeza de quem dali a alguns minutos iria reconhecer o corpo do filho Talisson, de 23 anos. "Ele estava envolvido com droga", contou. "Acho que foi morto por uma gangue rival."

Dona de um bar e mãe de outros dois, ela acredita que o assassinato do jovem foi consequência direta da greve da PM. "Nunca vi disso aqui na cidade. Está uma verdadeira bagunça."

Tensão. A ajudante de cozinha Ana Rita Cardoso, de 28 anos, teve o celular roubado na noite de domingo, 5. Na segunda-feira, 6, ela conseguiu carona para ir ao restaurante onde trabalha, mas foi liberada pelo dono do estabelecimento, que não abriu as portas.

"Não sei como vou embora. Não tem ninguém para ir comigo ao ponto de ônibus ou me levar em casa", disse Ana Rita, pela manhã. Quando possível, muitos trabalharam de casa.

"Estou dentro de casa, mas já pus um sofá escorando a porta da sala", contou o auxiliar administrativo Wanderley Casagrande, de 29 anos, de Vila Velha.

Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, mais de 200 lojas foram saqueadas. No fim da tarde, um supermercado no bairro Ilha de Santa Maria, que havia fechado três horas mais cedo, foi alvo de saques. "Foram ao menos 300 pessoas", relatou Rodrigo Passos, supervisor do estabelecimento. Às 21 horas, ele tentava seguranças particulares para o local, que tinha vidros e um caixa eletrônico quebrados, além de produtos espalhados pelo chão. Do lado de fora, soldados já faziam patrulhamento.

Só na segunda-feira, 6, foram registradas, 200 ocorrências de furto ou roubo de veículos na Delegacia especializada nesse tipo de crime em Vitória. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Espírito SantoViolência urbana

Mais de Brasil

Aliança Global contra a Fome tem adesão de 41 países, diz ministro de Desenvolvimento Social

Polícia argentina prende brasileiro condenado por atos antidemocráticos de 8 de janeiro

Homem-bomba gastou R$ 1,5 mil em fogos de artifício dias antes do atentado

O que muda com projeto que proíbe celulares nas escolas em São Paulo