O “cinturão vermelho” começou a ser construído nas eleições de 2020 (Danilo Martins Yoshioka/Anadolu Agency/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 13 de novembro de 2022 às 09h00.
Derrotado em 72, dos 92 municípios fluminenses no segundo turno das eleições presidenciais, o PT quer aproveitar a retomada do controle da máquina federal para aumentar o tamanho do partido no Rio em 2024. Para isso, a legenda mira a vaga de vice do prefeito Eduardo Paes (PSD) e conta com o apoio de aliados heterogêneos para conquistar mais prefeituras no estado e formar bancadas em todas as câmaras municipais
O partido tem como prioridade capital, Região Metropolitana, cidades com mais eleitores na Baixada Fluminense e municípios do interior em que Lula saiu vitorioso nas urnas, além de Campos dos Goytacazes. No Rio, a ideia é reeditar a a dobradinha no segundo governo de Paes, em que Adilson Pires (PT) foi vice.
De acordo com o deputado federal eleito e integrante da Executiva Nacional do PT Washington Quaquá, o “cinturão vermelho” prevê a distribuição de aliados em partidos de esquerda e centro-esquerda. Ex-prefeito de Maricá, ele diz que após a vitória de Lula as conversas avançaram. As negociações passam por apoio a candidatos a prefeito onde o PT não terá a cabeça de chapa, indicação de vices e dança das cadeiras nas bancadas federal e estadual, com a nomeação de titulares no governo abrindo vagas a suplentes aliados.
— Em Duque de Caxias, estamos conversando com o ex-prefeito (José Camilo) Zito, que deve se filiar a um partido aliado e receber nosso apoio. Em Magé, vamos abrir espaço para o deputado federal Ricardo da Karol (PDT), suplente na próxima legislatura, assumir uma cadeira na Câmara. Já em Campos, a conversa é com a ex-prefeita de São João da Barra (PP) Carla Machado, que tem forte influência na região — afirma o petista.
Na Baixada, Quaquá destaca a aliança com o prefeito de Belford Roxo, Wagner dos Santos (União), o Waguinho, que lançará candidatos em sua cidades e municípios vizinhos, todos com apoio do PT.
O “cinturão vermelho” começou a ser construído nas eleições de 2020. Naquele ano, o sonho de concretizar o plano quase saiu do papel. Em Niterói, o PT ajudou a eleger Axel Grael (PDT), e em Itaboraí fez uma inusitada aliança com o PL, elegendo Marcelo Delaroli prefeito e Lourival Casula (PT), vice. Em São Gonçalo, Dimas Gadelha (PT) terminou o primeiro turno na frente, mas foi derrotado no segundo por Capitão Nelson (Avante), que conseguiu a virada por margem mínima, após apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Um dos principais projetos do PT enquanto esteve no poder, o Complexo Petroquímico do Rio (Comperj) será usado na tentativa de retomar o poder na Região Metropolitana em 2024. Os investimentos atrairiam não só votos, mas apoio de políticos da região.
Berço do Comperj, em Itaboraí a aliança entre PL e PT que já vinha patinando, explodiu pouco antes das eleições, com o apoio de Delaroli a Bolsonaro e Lourival Casula, a Lula. O racha criou um mal estar e os dois romperam. O PT planeja que Lula, assim que assumir a Presidência, visite a região e anuncie um plano de retomada do Comperj. Com isso, a legenda turbinará a candidatura de Casula a prefeito, além de influenciar na eleição da vizinha São Gonçalo.
Embora evite comentar a disputa em 2024 e sua candidatura à reeleição, Capitão Nelson vê crescer a sombra de Dimas Gadelha, que foi eleito deputado federal, e deve se lançar candidato a prefeito.
— Meu foco é na administração da nossa cidade, a reeleição é consequência e não uma prioridade — disse.
Em Niterói, onde Lula teve maioria dos votos nos dois turnos, o PT deve manter a aliança com o PDT pela reeleição de Axel Grael. Mas a disputa remeterá à polarização com a candidatura do deputado federal bolsonarista Carlos Jordy:
— Não descarto ser candidato a prefeito de Niterói
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