O presidente Lula em evento dos Brics, que se reuniu na África do Sul em agosto do ano passado. (Anders Pettersson/Getty Images)
Editora ESG
Publicado em 20 de outubro de 2024 às 14h44.
Última atualização em 20 de outubro de 2024 às 15h07.
Um acidente doméstico neste domingo fez com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preciasse cancelar a viagem que faria neste domingo para Kazan, na Rússia, onde a partir da próxima terça-feira, 22, acontece a 16ª Cúpula do Brics.
Esta será a primeira reunião do grupo depois da inclusão de Egito, Irã, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, e vem sendo vista como um instrumento estratégico para Vladimir Putin, anfitrião do encontro, que tenta demonstrar ter apoio do Sul Global em contraste com seu isolamento diplomático por conta da guerra da Ucrânia.
A agenda do evento deve contemplar discussões sobre o uso de moedas alternativas ao dólar no comércio entre os países que integram o bloco, com o objetivo de reduzir a dependência da moeda norte-americana. Também serão estabelecidos critérios para a adesão de países parceiros, uma nova categoria criada em meio à expansão do grupo.
Hoje, os países que compõe o Brics representam 37% da economia global, além de uma significativa parcela de população e território no mundo. Projeções indicam que o bloco poderia ultrapassar o G7 nos próximos anos, impulsionado principalmente por China e Índia.
Agenda bilateral e neutralidade sobre novos membros
Lula é o único líder atual do Brics que esteve presente na cúpula inaugural em 2009, em Ecaterimburgo, Rússia, quando Putin era primeiro-ministro. Conforme entrevista coletiva concedida há uma semana pelo embaixador Eduardo Paes Sabóia, secretário do Itamaraty de Ásia e Pacífico, era esperado que o presidente do Brasil cumprisse agenda bilateral com algumas nações.
Na ocasião da entrevista, o embaixador declarou ainda que, embora já existisse algumas recomendações para a entrada de novos membros, o país não deveria recomendar nenhum integrante sem antes analisar "com lupa" as sugestões. Turquia, Cuba e Bolívia demonstraram interesse, assim como Venezuela e Nicarágua, que enfrentam resistência brasileira.
O Brasil assumirá a presidência do Brics em 1º de janeiro de 2025 e deve colocar em curso uma série de encontros no primeiro semestre, com foco na preparação da COP30 em Belém, no final do mesmo ano. A ex-presidente Dilma Rousseff permanecerá à frente do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco dos Brics, até julho de 2025.