Profissionais de Saúde vacinados em São Paulo: primeiros profissionais de saúde e indígenas foram vacinados ontem (Amanda Perobelli/Reuters)
Carolina Riveira
Publicado em 18 de janeiro de 2021 às 08h05.
Última atualização em 18 de janeiro de 2021 às 10h05.
Governadores e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foram na manhã desta segunda-feira, 18, ao aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, para uma cerimônia de retirada das doses de Coronavac para início da imunização nacional contra a covid-19.
Os governadores chegaram a um acordo antes da cerimônia para autorizar o início da vacinação no Brasil ainda nesta segunda-feira. A princípio, o plano do Ministério da Saúde até ontem era começar a vacinação na quarta-feira, 20. As vacinas estão sendo despachadas com aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) e caminhões a partir de São Paulo.
Chegando aos estados, cabe aos governos estaduais coordenar a distribuição para os demais municípios; a vacinação deve começar pelas capitais e grandes cidades, com prioridade para profissionais de saúde, indígenas e idosos acima de 75 anos, segundo critério de cada estado e o Plano Nacional de Imunização. A vacina precisa ser aplicada em duas doses, com 21 dias de intervalo.
O governo de São Paulo também lançou um site no estado para que grupos prioritários façam um pré-cadastro; a vacinação acontece a princípio em alguns hospitais de grandes cidades e, a partir de 25 de janeiro, a vacinação passa a ocorrer em mais de 5.000 pontos de vacinação.
No evento desta segunda-feira, ao lado de governadores -- e que não contou com a presença do governador de São Paulo, João Doria --, Pazuello disse que a "lealdade federativa" está mantida. "No que depender do governo federal, do Ministério da Saúde, vamos cumprir rigorosamente o que foi combinado. em nome da nossa ética, da nossa palavra", disse.
Ontem, após a aprovação das vacinas pela Anvisa, foram vacinados os primeiros brasileiros, mais de 100 profissionais de saúde e indígenas em São Paulo. A primeira imunizada foi a enfermeira Monica Calazans, do Hospital Emílio Ribas. O início da vacinação em São Paulo foi criticado por Pazuello em entrevista coletiva no domingo.
A vacina da chinesa Sinovac, testada em parceria com o Instituto Butantan, foi aprovada neste domingo, 17, pela Anvisa. Os técnicos da agência reguladora também afirmaram que não há, por ora, tratamento precoce contra o coronavírus.
Das 6 milhões de doses da Coronavac aprovadas, mais de 1,3 milhão ficam diretamente em São Paulo, como parte que cabe ao estado no Plano Nacional de Imunização. As outras 4,7 milhões de doses serão distribuídos aos estados.
A outra vacina aprovada ontem pela Anvisa foi a de AstraZeneca/Oxford, que será produzida em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mas ainda não há data para que o imunizante venha da Índia, onde as primeiras doses estão sendo produzidas pelo Instituto Serum. A expectativa é que as 2 milhões de doses da vacina cheguem nesta semana. No futuro, a vacina também será produzida pela Fiocruz, que planeja fabricar mais de 200 milhões de doses em Biomanguinhos.
Com a ausência de Doria, foi a Guarulhos o vice-governador, Rodrigo Garcia. Segundo Garcia, a reunião foi agendada ontem à noite e o governador já tinha "outros compromissos". Questionado sobre a quebra de pacto federativo acusada por Pazuello, Garcia disse que o procedimento é comum no caso de outras vacinas produzidas pelo Instituto Butantan.
"Eu convido a imprensa a olhar as vacinações de H1N1", disse Garcia. "Pela produção ser aqui em São Paulo, não precisa ser especialista em logística para saber que não precisa enviar as vacinas e depois devolver."
O governador do Piauí, Wellington Dias, disse durante a cerimônia que é preciso rapidez no início da vacinação para que se possa "retomar a economia" e que o Brasil "volte à normalidade". Estiveram presentes também nomes como o governador do Pará, Helder Barbalho, governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro e a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra.
Um desafio será organizar a logística de aplicação e garantir mais doses das vacinas após essa primeira leva, que é pequena perto dos 210 milhões de brasileiros.
A autorização concedida pela Anvisa neste domingo é para 6 milhões de doses da Coronavac e 2 milhões de doses da vacina de AstraZeneca/Oxford. As próximas doses a partir disso deverão passar por registro definitivo. Ao Instituto Butantan, a Anvisa também pediu informações de imunogenecidade, a quantidade de anticorpos desenvolvidos, que deverão ser entregues até 28 de fevereiro.
Ao todo, incluindo as 6 milhões de doses já aprovadas e que vieram prontas da China, o Butantan tem cerca de 10 milhões de doses da Coronavac já no Brasil neste momento. Com a chegada de material vindo da China, o Instituto pretende chegar a 46 milhões de doses produzidas nestes primeiros meses do ano. A Fiocruz espera ter capacidade de produzir 210,4 milhões de unidades da vacina de Oxford ao longo de 2021.