Brazilian presidential pre-candidate, senator Simone Tebet, of the Brazilian Democratic Movement (MDB) party, speaks during a press conference in Brasilia, on May 25, 2022. (Photo by Sergio LIMA / AFP) (Photo by SERGIO LIMA/AFP via Getty Images) (SERGIO LIMA/AFP/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 13 de dezembro de 2022 às 15h47.
A ausência de Simone Tebet (MDB-MS) na diplomação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, nesta segunda-feira, levantou rumores sobre a possibilidade de a senadora não assumir um ministério no próximo governo. No entanto, a pessoas próximas, a emedebista afastou qualquer desgaste com o petista e disse que não foi ao evento porque estava em um compromisso pessoal em seu estado.
O futuro de Tebet no governo Lula ainda segue incerto. A senadora indicou a aliados preferência pela pasta de Desenvolvimento Social (atual Ministério da Cidadania), área que ela inclusive coordena na transição. Porém, petistas do entorno de Lula refutam a ideia de entregar o ministério que abriga o Bolsa Família, carro-chefe das gestões petistas, a uma potencial candidata à Presidência em 2026.
Mesmo os petistas que fazem resistência à indicação de Tebet para o Desenvolvimento Social admitem que a palavra final será de Lula, independentemente de pressões. O GLOBO apurou que a senadora e o presidente eleito ainda não sentaram para conversar sobre uma eventual composição. Ainda que não esconda de aliados a vontade de ter Tebet como ministra em seu governo, Lula tem mantido mistério até mesmo de pessoas mais próximas sobre qual oferta fará à senadora.
Embora sofra resistência do PT, Tebet tem dois fortes aliados no entorno de Lula. Um deles é o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, de quem é amiga. O ex-tucano tem boa relação com Tebet e foi quem atuou como um intermediário para inaugurar uma conversa presencial entre o primeiro e a terceira colocada na disputa eleitoral, como relevou O GLOBO.
Outra aliada de Tebet próxima a Lula é a futura primeira-dama, Rosângela da Silva. Janja, como é conhecida, trabalhou por uma aproximação entre o petista e Tebet no segundo turno. Como mostrou O GLOBO, um telefone da socióloga serviu de ponte para que o petista e a candidata derrotada do MDB se falassem pela primeira vez após o resultado das eleições.
Antes da escolha de Tebet para algum ministério, Lula terá de resolver um imbróglio com o MDB. As bancadas emedebistas da Câmara e do Senado reivindicam uma indicação ao governo cada uma para se tornarem base da gestão petista no Congresso.
Inicialmente, havia entre alguns emedebistas o discurso de que Tebet faria parte da "cota" de Lula, dado que ambos criaram uma relação pessoal durante a campanha. Portanto, o MDB teria três indicações ao governo. Porém, em coletiva de imprensa na semana passada, o presidente do MDB, Baleia Rossi (SP), disse que Tebet representa, sim, o partido institucionalmente.
Em meio às indefinições, as opções para a senadora estão se estreitando. Embora a preferência seja pelo Ministério do Desenvolvimento Social, aliados de Tebet dizem que ela aceita conversar sobre convites para chefiar outras pastas, como Meio Ambiente e Educação.
Os dois ministérios, porém, já têm cotados bem encaminhados. Para a Educação, a preferida é a governadora cearense Izolda Cela (sem partido), que tem inclusive o apoio de entidades do setor, como a ONG Todos Pela Educação. Já no caso do Meio Ambiente, disputam o posto a deputada federal Marina Silva (Rede-SP) e a ex-ministra Izabella Teixeira. Nesse caso, o caminho só ficaria aberto para Tebet se Marina ou Izabella ocupassem o posto de Autoridade Climática.
O cenário ideal para alguns integrantes do PT seria a indicação da senadora para a pasta de Agricultura, o que ela descarta. Interlocutores de Tebet dizem que o ministério, apesar de importante, colocaria a terceira colocada na disputa em uma "caixinha" e restringiria sua atuação ao Centro-Oeste, onde ela já tem um eleitorado. Ou seja, não agrega do ponto de vista político, disse uma pessoa próxima à senadora.
O MDB não dispensa a possibilidade de Tebet ficar de fora do governo. O entendimento é que a oferta de Lula deve fazer sentido ao futuro político da senadora, que já deixou claro que não aceitará qualquer convite.
Interlocutores de Lula entendem que o presidente eleito faria uma má sinalização ao centro se não conseguisse atrair Tebet para um de seus ministérios. A senadora é vista como alguém que "suaviza" a imagem do novo governo perante o mercado e o empresariado.
Embora tenha ganhado papel de destaque na transição, assumindo uma das áreas mais importantes, Tebet não ficou isenta de rusgas com o partido do presidente. Um dos episódios que incomodaram petistas foi quando ela defendeu que Lula indicasse logo um nome para a Fazenda.
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