Brasil

Com Doria, GCM reduz ação comunitária e aumenta repressão

Foco dos guardas aumentou nas ações repressivas a comércio ilegal e pichações, o que fez subir o número de roubos e furtos no centro

João Doria: gestão prioriza fiscalização de pichadores e apreensão de camelôs (Prefeitura de São Paulo/Divulgação)

João Doria: gestão prioriza fiscalização de pichadores e apreensão de camelôs (Prefeitura de São Paulo/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de abril de 2017 às 10h42.

São Paulo - A Guarda Civil Metropolitana (GCM) reduziu as ações comunitárias e aumentou as ações repressivas contra camelôs e pichadores no começo do governo de João Doria (PSDB).

Dados obtidos pelo Estado, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), mostram que o crescimento das apreensões de mercadorias de camelôs ou em "rolezinhos" foi de 399% em janeiro e fevereiro.

Ao mesmo tempo, o Criança Sob Nossa Guarda e Programa de Pessoas em Situação de Vulnerabilidade caíram 96% e 84% no período, em comparação com o mesmo período de 2016.

A Secretaria de Segurança Urbana informou que a redução das ações comunitárias é causada por férias escolares - as aulas começaram em 6 de fevereiro - e reformulação da atuação da Prefeitura na região da Cracolândia, "tendo em vista que o novo projeto chamado Redenção terá atuação de 44 órgãos e atingirá todas as esferas: municipal, estadual e federal".

Criado em 2002, o Criança Sob Nossa Guarda é um programa de atividades recreativas, esportivas e culturais em que os guardas apresentam às crianças temas como a prevenção de acidentes domésticos, educação ambiental e de trânsito, civismo e direitos humanos.

Só 210 ações aconteceram em janeiro e em fevereiro - média de 105 por mês, ante média mensal de 2.832 em 2016 - 33.989 em todo o ano passado.

Outro programa social da guarda, o Grupo de Prevenção a Álcool e Drogas (Gepad), teve um aumento médio mensal de 28% de atendimentos apesar das férias. Também não diminuíram as rondas escolares - segundo a secretaria, cresceram 50% no período.

Efetivo

A mudança da forma de atuação da Guarda afetou ainda a Inspetoria de Redução de Danos (IRD), que trabalha na Cracolândia.

É ela a responsável pela maioria dos atendimento das chamadas "pessoas em situação de vulnerabilidade" - moradores de rua e usuários de crack. Contava com 278 agentes no dia 1.º de janeiro e passou a ter 158 no dia 4 de abril, uma redução de 43% no efetivo.

O efeito na região pode ser sentido pelo número de roubos e furtos registrados pela delegacia da área, o 3.º DP (Santa Ifigênia).

Enquanto a capital relatou aumento de 3% nos roubos e 12,4% nos furtos em janeiro e em fevereiro na comparação com o ano passado, na região do 3.º DP o crescimento foi de 8,2% e 35,8%, respectivamente.

A Polícia Militar informou que seu efetivo se manteve o mesmo na área. "Claro que nós, os moradores e comerciantes da região, sentimos a diminuição do efetivo da Guarda", afirmou o comerciante Fábio Fortes, presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) de Santa Cecília.

Criada em setembro de 2016, a IRD atuava em conjunto com o programa De Braços Abertos, da gestão Fernando Haddad (PT).

Além da reestruturação da atuação da Prefeitura na área, a secretaria informou que a retirada de efetivo da região é parte de "ajustes que atendem a uma nova dinâmica operacional da atual gestão".

Ao mesmo tempo, o comando da Guarda aumentou o efetivo das inspetorias da Paulista - de 119 para 164 guardas - e da Consolação - de 166 para 219.

As duas, ao lado das Inspetorias da Sé e de Operações Especiais, foram responsáveis pela proteção de eventos como o carnaval e pelo aumento de apreensões de mercadorias de camelôs - incluindo ação do Programa Marginal Segura, para evitar ambulantes nas Marginais.

Vigilância

Além de aprender mercadorias, outra nova atividade da Guarda é a vigilância de monumentos, como o em comemoração à imigração japonesa, feita por Tomie Ohtake na Avenida 23 de Maio. O objetivo ali é impedir a ação de pichadores.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:João Doria JúniorSão Paulo capital

Mais de Brasil

Justiça nega pedido da prefeitura de SP para multar 99 no caso de mototáxi

Carta aberta de servidores do IBGE acusa gestão Pochmann de viés autoritário, político e midiático

Ministra interina diz que Brasil vai analisar decisões de Trump: 'Ele pode falar o que quiser'

Bastidores: pauta ambiental, esvaziamento da COP30 e tarifaço de Trump preocupam Planalto