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Com Doria candidato, terceira via fica mais fragmentada, diz Moura

Em pronunciamento após a vitória, João Doria criticou Lula, Bolsonaro e defendeu agenda liberal "de verdade"

João Doria: Governador de SP se posiciou como um liberal, defendeu privatizações e concessões (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)

João Doria: Governador de SP se posiciou como um liberal, defendeu privatizações e concessões (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 27 de novembro de 2021 às 19h38.

Última atualização em 27 de novembro de 2021 às 19h55.

A vitória do governador João Doria nas prévias do PSDB para a candidatura presidencial em 2020 deve complicar os planos da chamada terceira via para a escolha de um nome único à frente do campo.

Esta é a avaliação de Maurício Moura, fundador do IDEIA, instituto especializado em pesquisa de opinião pública.

Doria venceu o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, com 53,99% dos votos. O gaúcho teve 44,66% e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio teve 1,35%. Mais de 30 mil tucanos votaram neste sábado, depois de o aplicativo escolhido para a votação ter apresentado erro no último domingo.

"Aumenta a probalidade de a gente ter um campo, que é chamado de terceira via, mais povoado. Temos Ciro Gomes e Sergio Moro nesse campo, e no mundo político a probabilidade de composição com o João Doria é pequena, pelo o que foi verbalizado publicamente", diz Maurício Moura.

Na mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro (Podemos) aparecem como os nomes mais fortes da terceira via em 2022, com 7% e 5% das intenções de voto, respectivamente. Tanto Doria quanto Leite figuram com 2% no primeiro turno, e perderiam em um segundo turno para Lula e Bolsonaro.

A vitória de João Doria foi anunciada pelo presidente do PSDB, Bruno Araújo, às 18h51 deste sábado. Em pronunciamento após a fala dos derrotados , Doria criticou o favorito para as eleições de 20221, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, do PT, e o atual presidente Jair Bolsonaro, sem partido.

"O PSDB é o grande vencedor das perdas. Lula, se prepare nos debates, porque eu vou cobrar de você o histórico de corrupção no seu governo. Você não terá em mim alguém complacente nos debates. Fazer políticas para os mais pobres não dá o direito de fazer o que quiser com o dinheiro do povo. Os fins não justificam os meios. E o presidente Jair Bolsonaro foi de um sonho ao pesadelo. Ficamos presos em uma armadília, um ciclo danoso à vida do país. Não é aceitável um país com os vulneráveis", disse Doria.

O governador de São Paulo disse que o Brasil deve migrar para uma economia de baixo carbono, e elogiou o agronegócio brasileiro que preserva o meio ambiente. Doria se posiciou como um liberal, defendeu privatizações e concessões.

Para Maurício Moura, o partido tem um grande desafio nas eleições de 2022.

"O PSDB vai repetir uma fórmula que ainda não foi exitosa, que é a de usar um governador de São Paulo para a candidatura a presidente. As nossas pesquisas mostram que o que funciona para São Paulo não funciona para o país. Outra dimensão é que o Doria é muito conhecido, mais que o Leite e o Arhur Virgílio, mas também tem muita rejeição, mesmo sendo reconhecido por trazer a vacina", disse Maurício.

Em pronunciamento depois do anúncio da derrota, Eduardo Leite agradeceu o apoio da família e disse estar tranquilo: "Na vida pública a gente se lança, e eu fui lançado por um grupo de pessoas me lançou com base no trabalho que fizemos no Rio Grande do Sul, que queriam compartilhar esse trabalho o Brasil. Me sinto absulotamente tranquilo e realizado. Me sinto feliz. Acima de um projeto pessoal está o grupo a que a gente pertence".

Leite também disse que deseja toda a sorte a João Doria, porque o Brasil precisaria encerrar o período em que está "gastando energia" com a polarização política.

Quanto ao futuro do governador gaúcho, Maurício Moura entende que ele sai fortalecido e mais conhecido no país:

"Ele vai ganhar envergadura para os próximos ciclos presidenciais como um nome alternativo".

 

 

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