Chuvas no Rio Grande do Sul: estado sofre com enchentes e deslizamentos (Florian PLAUCHEUR/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 7 de maio de 2024 às 15h21.
Última atualização em 7 de maio de 2024 às 16h57.
As enchentes no Rio Grande do Sul preocupam diversas indústrias e transportadoras com uma possível ruptura na cadeia de fornecimento. Algumas fábricas decidiram dar férias coletivas aos funcionários que foram afetados com as fortes chuvas.
A Usaflex decidiu dar férias coletivas por 15 dias para seus 3,2 mil colaboradores nas quatro fábricas nas cidades de Parobé, Igrejinha, Campo Bom e Dois Irmãos. Segundo Sergio Bocayuva, CEO da companhia, a capacidade de produção é de 32 mil pares por dia nos municípios gaúchos.
"Decidimos dar férias coletivas em todas as unidades, pois elas são interconectadas. Mais de 80% dos funcionários foram afetados. Muitos perderam tudo. Vamos avaliar ainda o impacto para os fornecedores, pois as chuvas atingiram desde empresas de serviços a produtores de insumos como couro e produtos químicos. Toda a cadeia está se ajudando nesse momento para avaliar o impacto. Algumas indústrias tiveram perdas totais. A indústria está numa situação caótica. É uma visão de guerra. O cenário é de destruição com pessoas chorando", afirma Bocayuva.
Segundo Bocayuva, a Região Sul representa 5% do faturamento da companhia.
"É um momento em que vamos consumir nosso estoques. O Dia das Mães, que é uma data importante para o varejo, já teve toda a sua entrega feita em abril. Então, a data não será afetada nas mais de 300 lojas, exceto a região de Porto Alegre. Enquanto isso, estamos antecipando o pagamento e o 13º salário aos funcionários, aumentando o limite de crédito dos fornecedores e fazendo doações de água e cestas básicas", exemplifica Bocayuva.
Segundo Euclides Longhi, presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), embora a maioria das indústrias moveleiras gaúchas trabalhe com estoque de matérias-primas, é possível haver uma ruptura na produção por falta de alguns itens dentro de 15 a 20 dias.
"Em geral, empresas que possuem centro de distribuição em outros estados mantiveram seu faturamento e entrega. As centradas no Rio Grande do Sul estão buscando rotas alternativas para escoar a produção e já conseguem realizar entregas em São Paulo, mesmo que os prazos possam ser um pouco mais longos. Ainda estamos fazendo um levantamento junto às indústrias do estado, mas é possível que algumas tenham reduzido ou até mesmo parado a operação", disse Longhi.
A área de logística está parada no momento, de acordo com Khaled Salama, head de operações da IDB do Brasil, uma das maiores transportadoras da região. Segundo ele, os embarques para o Rio Grande do Sul estão paralisados até que o nível dos rios baixe, permitindo o fluxo de mercadorias.
"As cargas que atravessam o Rio Grande do Sul nem embarcam, como as que vêm da Argentina, cruzando a fronteira terrestre. As transportadoras estão trocando informações. Ninguém vai atravessar até o nível baixar. Há clientes que estão impactados e que não conseguiram contato ainda. Só vamos atravessar quando for possível. É um movimento de prevenção.
Fabiana Lawant, diretora de relações institucionais da Allied, distribuidora de eletrônicos e eletrodomésticos, diz que diversas cidades estão fechadas:
"Com isso, estamos reagendando e alinhando as entregas."
A Gerdau, maior produtora brasileira de aço do país, está com as duas operações paralisadas de Charqueadas e Riograndense localizadas em Sapucaia do Sul. As unidades empregam 2 mil pessoas e recebem apenas sucata. A companhia avalia ainda se haverá atraso na entrega de produtos nas próximas semanas.
A Marcopolo decidiu suspender o turno para os colaboradores que moram em áreas em que o deslocamento está impossibilitado pelas chuvas. Porém, a companhia informou que as operações nas unidades localizadas em Caxias do Sul foram retomadas na segunda.