Vice-presidente Hamilton Mourão: "Enquanto permanecer com sistema político com essa quantidade de partidos qualquer governo terá de trazer para o bojo de suas ideias esse grupo de partidos de centro" (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de julho de 2020 às 16h35.
Última atualização em 6 de julho de 2020 às 17h13.
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta segunda-feira, 6, que o sistema político brasileiro, com muitos partidos, implica uma aliança com o bloco Centrão. Em live do banco Credit Suisse Brasil, Mourão justificou a aproximação do governo com o grupo de cerca de 200 deputados que compõem os partidos do centro.
"Enquanto permanecer com sistema político com essa quantidade de partidos qualquer governo terá de trazer para o bojo de suas ideias esse grupo de partidos de centro", afirmou. Segundo ele, um Congresso "multifacetado", com mais de 25 partidos, exige alianças como a feita com o Centrão.
A postura inicial do governo Bolsonaro negava essa estratégia e apostava na aliança com frentes parlamentares, como as bancadas rural, da bala, e evangélica. Os grupos, contudo, são compostos de diferentes partidos que só se alinham em relação aos temas específicos de frente, informou Mourão.
"O governo, os senhores sabem, iniciou com uma visão talvez idílica, vou ser aqui bem sincero, que por meio das bancadas temáticas teríamos relacionamento eficiente com o Congresso", disse. Sobre a adesão ao "toma lá da cá" de cargos de troca de cargos por apoio no parlamento, Mourão afirmou: "O partido que quer estar junto do governo quer participar e a participação se faz dessa forma".
Ele destacou que o recém-nomeado ministro das Comunicação, Fábio Faria, antes deputado pelo PSD, faz bem a ponte de relação com o parlamento, junto com o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo. Para o vice-presidente, é um "pleonasmo" falar em presidencialismos de coalizão. "O presidencialismo só pode ser de coalizão, se não houver coalizão o presidente não governa", afirmou.
Mourão disse que o Congresso tem um perfil reformista e aproximação com o Centrão facilitará a aprovação de reformas, como é o caso a tributária e a administrativa. Ele mencionou ainda que é necessário também um trabalho mais próximo e integrado junto com os governadores.