Gabrielli disse que há um plano para retirada do pessoal da Petrobras, mas que não podia revelá-lo à imprensa (Wikimedia Commons/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 22 de fevereiro de 2011 às 21h17.
Rio de Janeiro - O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse hoje (22), em Mato Grosso do Sul, onde a empresa recebeu licença para instalação de uma fábrica de fertilizante nitrogenado, que já admite retirar seus funcionários da Líbia, com o agravamento da crise política no país localizado no Norte da África.
“Nós estamos acompanhando de perto o que está acontecendo, a situação mudou um pouco de ontem [21] para hoje [22] e, muito provavelmente, nós estamos pensando em retirar o nosso pessoal do país”.
Gabrielli disse que há um plano para retirada do pessoal da Petrobras, mas que não podia revelá-lo à imprensa. “Quando ele for executado eu aviso”. Segundo ele, há, no momento, apenas sete funcionários da estatal na Líbia. A Petrobras está presente no país desde 2005, quando venceu a primeira rodada de licitações da empresa estatal National Oil Corporation (NOC).
A empresa brasileira obteve os direitos exploratórios de óleo e gás e de partilha de produção de uma área de mais de 10 mil quilômetros quadrados (km2). A área fica no Noroeste da Costa Líbia, no Mar Mediterrâneo. “Somos a operadora do consórcio que atua na exploração do bloco, detendo uma participação de 70%”.
O presidente da Petrobras comentou, ainda, sobre a possibilidade dos conflitos que vêm ocorrendo nos países africanos e também no Oriente Médio causarem volatilidade no preço internacional do petróleo devido à instabilidade política na região. Ele citou ainda os protestos que ocorreram na Tunísia, também no Norte da África, e no Iêmen, esse localizado no Extremo Sul da Península Arábica.
Para Gabrielli, “o mundo viverá, nos próximos meses, um período de intensa volatilidade nos preços do petróleo”. Ele acredita que o avanço instabilidade política na região “tem efeito complementar à situação da incerteza sobre a recuperação da economia nos países mais avançados – basicamente os Estados Unidos, países da Europa e o Japão – que convivem, atualmente, com taxas de crescimento em suas economias muito baixas”.
Ele, no entanto, não crê que vá haver impacto significativo e duradouro na produção de petróleo em consequência da crise nesses países. “A Líbia, por exemplo, é um produtor da Opep [Organização dos Países Produtores de Petróleo], mas um produtor marginal e, portanto, não acreditamos que a possibilidade de que venha a ocorrer uma crise muito grave no país vá alterar significativamente a produção de petróleo do ponto de vista estrutural. Já o Egito é um produtor muito pequeno e o próprio Suez [canal] é uma área de transporte logístico que afeta muito mais o GNL [gás natural liquefeito] do que o petróleo”.