Enfermeiros examinam a população de Paraisópolis, em São Paulo (Andre Lucas/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 21 de maio de 2020 às 17h23.
Última atualização em 24 de maio de 2020 às 23h55.
O coronavírus tem matado enfermeiros no Brasil em maior número do que em qualquer outro lugar do mundo com o avanço da pandemia no país.
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) diz que existem mais de 15.000 enfermeiros infectados com a covid-19, os quais, segundo o conselho, representam quase 40% do número global de casos. Até quarta-feira, 137 enfermeiros haviam morrido. Walquirio Almeida, porta-voz do Cofen, associa o elevado número de mortes à falta de equipamentos e de preparação das equipes médicas.
“Os números são muito preocupantes, não esperávamos tantos”, disse Almeida em entrevista. “A situação só vai melhorar se as autoridades tomarem medidas eficazes e rápidas.”
O Brasil se tornou um epicentro da pandemia de coronavírus, atrás apenas da Rússia e dos Estados Unidos em número de casos. As infecções batem recordes quase diariamente e atingiram 291.579 na quarta-feira, segundo dados do governo.
A situação é agravada por um sistema de saúde pública que já estava à beira do colapso em vários estados, medidas contraditórias dos governos locais e grande parte da população que não pode ficar em casa.
Os equipamentos adquiridos pelo governo federal têm demorado a chegar nos estados, e governadores enfrentaram problemas para conseguir suprimentos médicos diante da maior demanda global.
Cerca de metade das mortes de enfermeiros foi registrada nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, entre os mais atingidos pela doença, que já matou mais de 18.800 pessoas no país. A maioria dos enfermeiros que morreram tinha de 41 a 50 anos, segundo os dados.
O Conselho Internacional de Enfermeiros informou, no início do mês, que mais de 260 enfermeiros em 30 países morreram e pelo menos 90.000 profissionais de saúde haviam sido infectados pela covid-19.