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Com 36 ataques nas ruas, Ceará prende 13 e transfere 257 detentos

Estado sofre com onda de violência há dias; presos transferidos estariam supostamente ligados à facção criminosa que ordenou o vandalismo

Ônibus incendiado no Ceará: estado passa por segunda onda de violência urbana neste ano (Alex Gomes/AFP)

Ônibus incendiado no Ceará: estado passa por segunda onda de violência urbana neste ano (Alex Gomes/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de setembro de 2019 às 21h19.

Última atualização em 24 de setembro de 2019 às 21h22.

Fortaleza — Após cinco dias com 36 ataques a ônibus, carros e caminhões nas ruas, o Ceará prendeu 13 suspeitos e transferiu 257 detentos supostamente ligados à facção criminosa que ordenou o vandalismo. Em Fortaleza, o transporte público circula com frota reduzida e escolta policial por causa da onda de violência. O governador Camilo Santana (PT) já disse que não vai ceder às vontades dos bandidos.

O governo cearense atribui os ataques a uma reação ao enfrentamento ao crime organizado no Estado. Nas redes sociais, o governador Camilo Santana afirmou que "a possibilidade do retorno às regalias nos presídios é zero" e informou que reuniu a cúpula da Segurança Pública para tratar dos atos criminosos. Conforme o Estado, o contingente policial foi reforçado nos últimos dias, com retorno às atividades de agentes que estavam de férias e a suspensão de cursos para os que tinham aulas.

Além das ações criminosas na capital, houve registro de crimes em cinco municípios: Canindé, Quixadá, Quixeramobim, Paracuru e Jucás. Na madrugada desta terça-feira, 24, bandidos incendiaram dois ônibus estacionados em um pátio próximo a um posto de combustíveis em Canindé. Em Baturité, houve um incêndio em um posto de combustível; e em Ibaretama, um ônibus de uma banda de forró foi destruído pelo fogo. Em Maracanaú, na Grande Fortaleza, por volta das 5 horas da manhã, os moradores se depararam com um trator em chamas.

Já na capital, ainda pela manhã, bandidos atearam fogo a uma concessionária de carros no bairro Dunas. É a segunda vez que essa mesma concessionária sofre com os ataques deste ano. Uma torre de telefonia móvel, no bairro Messejana, e uma unidade do Juizado Especial, no bairro Vila Velha, também foram atacados. Três carros da Companhia de Energia Elétrica, Enel, e um carro da Companhia de Água e Esgoto do Ceará, Cagece, foram incendiados.

Fortaleza sofre com pontos de ônibus lotados e espera de passageiros

Nesta terça-feira, quem precisou do transporte público para se locomover se deparou com dificuldades nos terminais e pontos de ônibus. Segundo o Sindiônibus e Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza, como medida de prevenção a novos crimes, 70% da frota irá circular pela capital e região metropolitana, parte deles com escolta policial.

A estudante Gizele Fernandes conta que as estações de ônibus ficaram lotadas. "Havia pessoas esperando há uma hora nas paradas. Os ônibus não estão finalizando as rotas, estão voltando aos terminais bem antes. As linhas expressas não estavam rodando. As ruas, apesar das paradas lotadas, pareciam mais desertas. Apenas os ônibus normais pegavam os passageiros. Isso causou uma correria e bagunça nos terminais", critica.

"O ônibus demorou um pouco mais do que o normal e estava insuportável de tão lotado, justamente porque retiraram os expressos. Nada me aconteceu, mas uma menina chegou a ficar presa na porta do ônibus", conta a jornalista Raiana Ribeiro.

No início de 2019, a maior onda de ataques da história do Ceará

Logo no começo deste ano, o Ceará viveu a maior onda de atentados de sua história. Entre os dias 2 de janeiro e 4 de fevereiro, foram contabilizados 283 ataques em 56 dos 184 municípios do Estado, dos quais 134 aconteceram em Fortaleza. Mais de 400 suspeitos foram presos. Três foram mortos. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, chegou a enviar tropas federais para ajudar no patrulhamento no Estado.

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