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Colômbia prepara repatriação de corpos após tragédia aérea

Em Chapecó, está sendo preparado um grande velório para as vítimas em seu estádio, a Arena Condá

Tragédia: 100 mil pessoas darão o último adeus à equipe que encheu Chapecó de esperanças com sua trajetória na Sul-Americana (Jaime Saldarriaga/Reuters)

Tragédia: 100 mil pessoas darão o último adeus à equipe que encheu Chapecó de esperanças com sua trajetória na Sul-Americana (Jaime Saldarriaga/Reuters)

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AFP

Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 16h55.

Com "dor e impotência", a Colômbia preparava nesta quinta-feira a repatriação dos 71 corpos das vítimas do acidente de avião em que viajava a equipe da Chapecoense para jogar a partida de ida da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional.

O Instituto Médico Legal (IML) indicou que finalizou a identificação das vítimas, a maioria brasileiros. Segundo o último relatório, também estavam a bordo cinco bolivianos, um venezuelano e um paraguaio.

Em Chapecó, está sendo preparado um grande velório para as vítimas em seu estádio, a Arena Condá, onde 100 mil pessoas darão o último adeus à equipe que encheu esta cidade de esperanças com sua trajetória na Sul-Americana.

"Trabalhamos com a previsão de que os corpos chegarão ao meio-dia de sexta-feira, mas ainda não temos uma posição definitiva da Força Aérea Brasileira (FAB) sobre a operação de saída de Medellín", afirmou o assessor de comunicação da Chapecoense, Andrei Copetti, em coletiva de imprensa.

Inúmeras funerárias de Medellín trabalhavam na preparação dos corpos para sua repatriação, disse a jornalistas seu representante, Jorge Escobar. "Será feito o possível para que os corpos sejam entregues no dia de hoje" aos representantes da diplomacia dos respectivos países, afirmou.

A entrega está prevista para as 22H00 locais (01H00 de Brasília de sexta-feira) ou, no máximo, as 08H00 locais de sexta-feira (11H00 de Brasília).

Na funerária San Vicente, a principal da cidade, já estavam em seus respectivos caixões os corpos de mais de 30 jogadores da Chapecoense e de jornalistas que viajavam com eles.

Familiares das vítimas chegavam ao local durante a manhã desta quinta-feira.

Roberto Di Marchi, primo do diretor financeiro da Chapecoense, Nilson Folle Junior, chegou vestindo a camisa do clube e, após olhar por alguns minutos para o caixão, tirou a camisa e a colocou ao lado do corpo.

"Muita tristeza"

A tragédia do avião que fazia a rota Santa Cruz de La Sirrra-Rionegro causou comoção no mundo inteiro. As autoridades de aviação colombianas, que investigam o caso junto a especialistas internacionais, advertiram que as conclusões sobre as causas do acidente poderão levar, pelo menos, seis meses.

Enquanto não for concluída a investigação oficial, a Chapecoense não se pronunciará sobre a empresa aérea Lamia, escolhida pela experiência em viagens de times de futebol.

O piloto do avião, com matrícula boliviana, relatou uma "falha elétrica total" e "falta de combustível" minutos antes da queda com 77 pessoas a bordo, de acordo com uma gravação divulgada pela imprensa colombiana. As autoridades acreditam que ela seja "inexata em relação ao tempo", além de não ter certificação.

No aeroporto de Rionegro, perto do local do acidente, um avião Hércules da Força Aérea Boliviana está pronto para levar os corpos de cinco cidadãos do país. "À noite foram entregues quatro (corpos às funerárias) e eles estão em processo de preservação. Apenas entreguem (a vítima boliviana) que falta para saírem do aeroporto", declarou Escobar.

As funerárias estão em contato com a embaixada da Venezuela para enviar o corpo de um cidadão do país, que "certamente" será levado em um voo de carga, segundo Escobar.

Estamos sentindo "muita tristeza, muita dor, impotência. Porque eram pessoas, jovens, tinham uma vida pela frente. Somente Deus sabe as coisas que acontecem", disse María Ocampo, uma colombiana presente na homenagem de quarta-feira oferecida pelo Atlético Nacional no estádio Atanasio Girardot, em Medellín, onde 30 mil pessoas compareceram.

Durante o ato, os presentes rezaram pela saúde dos sobreviventes: três jogadores, dois tripulantes e um jornalista.

Alta médica para os tripulantes

Os tripulantes bolivianos Ximena Suárez e Erwin Tumiri apresentam bom estado de saúde e, dependendo da avaliação que será realizada por médicos da Colômbia e da Bolívia, terão alta nesta quinta-feira, afirmou a diretora médica Ana María González, da clínica Somers de Rionegro.

O zagueiro Alan Ruschel, em tratamento intensivo no mesmo hospital, se encontra "em estado crítico, mas estável", segundo os médicos. Ele foi operado na terça-feira por conta de uma fratura na coluna, apesar de terem descartado a possibilidade de paraplegia.

O jornalista Rafael Henzel e o jogador Hélio Zampier Neto, hospitalizados na clínica San Juan de Dios, no município de La Ceja, "estão estáveis", disse à AFP o diretor do centro de saúde, Guillermo Molina.

Henzel tem mostrando uma recuperação satisfatória, já está consciente e sua esposa chegou à noite para acompanhá-lo permanentemente, indicou.

Entretanto, o goleiro Jackson Follmann será operado nesta quinta-feira "para determinar a evolução clínica das lesões em seus membros inferiores", após a amputação de sua perna direita.

O acidente acabou com a trajetória de ascensão da Chapecoense, que começou a se destacar no futebol brasileiro em 2009.

Lamia tem permissão suspensa

A Bolívia suspendeu nesta quinta-feira as operações da companhia aérea Lamia e também demitiu altos funcionários do controle aeronáutico do país, segundo o governo.

"O governo instruiu a DGCA (Direção-Geral da Aviação Civil) a suspensão do certificado de operador aéreo (da empresa Lamia) e uma investigação" sobre as permissões da empresa, seus proprietários e capital, informou o ministro de Obras e Serviços Públicos, Milton Claros.

Junto a isso, ordenou "a troca da equipe executiva tanto da DGAC como da AASANA (Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea), enquanto durarem as investigações".

Uma resolução administrativa datada de 29 de novembro, mas divulgada nesta quinta-feira, estabeleceu a suspensão de maneira imediata do "Certificado de Explorador de Serviços Aéreos, (AOC) Nº DGAC-DSO-AOC Operador Aéreo, OPS-COA-119-01-002 e da Permissão de Operação outorgada à Empresa LAMIA CORPORATION SRL".

A resolução não explica as razões da medida, mas foi aprovada um dia depois do acidente por aparente pane seca. O documento assinalou que a DGAC "fará comunicados oficiais periodicamente".

Segundo o representante da empresa, Gustavo Vargas, a aeronave não cumpriu o plano de reabastecer o combustível em Cobija, cidade boliviana fronteiriça com o Brasil, ou em Bogotá.

A principal hipótese para o acidente é a falta de combustível do avião fretado que saiu da cidade de Santa Cruz de la Sierra, para onde os passageiros haviam ido em um voo comercial de São Paulo.

As autoridades suspeitam que as normas estejam flexíveis no controle aéreo.

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