Mandetta: coletivas do Ministério da Saúde suspensas (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de março de 2020 às 06h59.
Última atualização em 31 de março de 2020 às 07h15.
Coletivas suspensas
Com o objetivo de “unificação da narrativa”, o governo do presidente Jair Bolsonaro decidiu centralizar a comunicação das ações federais de combate ao novo coronavírus no Palácio do Planalto, com determinação para que as entrevistas coletivas dos ministérios ou agências sejam sempre realizadas no local, segundo ofício desta segunda-feira. Por causa da nova orientação, o Ministério da Saúde cancelou a coletiva diária sobre a crise sanitária, que normalmente acontece às 16 horas e conta com participação de técnicos da equipe da pasta. “Todas as coletivas de imprensa dos Ministérios ou Agências Federais sobre a covid-19 deverão ser realizadas no Salão Oeste do Palácio do Planalto”, diz o ofício enviado pela Casa Civil aos demais ministérios. A mudança ocorre em meio ao conflito de posições do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, com o presidente Bolsonaro quanto às medidas de isolamento social para enfrentar o coronavírus.
Focus prevê contração de 0,48% em 2020
O mercado passou a ver contração da economia brasileira neste ano em meio às incertezas sobre os impactos da pandemia de coronavírus no país e no mundo, com inflação abaixo de 3% e taxa de juros ainda mais baixa. De acordo com a pesquisa Focus que o Banco Central divulgou nesta segunda-feira, a expectativa agora é de uma contração de 0,48% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, contra alta de 1,48% vista antes. Para 2021, permanece a projeção de expansão de 2,50%. O cenário para a produção industrial passou a uma expansão de 0,85% neste ano, de 1% antes, recuperando-se com um crescimento de 2,50% no próximo ano. A estimativa atual do governo para a economia este ano é de avanço de 0,02%, mas o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, alertou no fim de semana que essa projeção pode estar defasada e que uma nova pode mostrar o PIB negativo.
Brasil: 4.579 casos de coronavírus
O Brasil tem agora 4.579 casos de coronavírus e 159 óbitos, segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde na segunda-feira. A maior parte está em São Paulo, que concentra 113 mortes e tem 1.517 casos confirmados. No mundo, há mais de 788.500 casos confirmados, segundo informações da manhã desta terça-feira. Os Estados Unidos passou na segunda-feira a barreira de 150.000 casos e concentra no momento mais de 164.600 confirmados.
Desaceleração de novos casos na Itália?
A Itália registrou nesta segunda-feira o menor número de novos casos de coronavírus em quase duas semanas. Foram 4.050 novas infecções na segunda-feira, em comparação com 5.217 no dia anterior. O número representa o menor incremento diário de casos de covid-19 no país desde 17 de março. As mortes aumentaram 812 nesta segunda, em comparação com as 756 registradas no domingo. O número total de pessoas infectadas pelo novo coronavírus na Itália chega a 101.739. A Itália está atrás apenas dos Estados Unidos na lista dos países com maior número de pessoas com a covid-19.
Huawei: menor aumento do lucro em três anos
A empresa de tecnologia chinesa Huawei reportou nesta segunda-feira seu menor aumento de lucro em três anos. O lucro foi de 62,7 bilhões de iuanes (8,9 bilhões de dólares), alta de 5,6%. Um ano antes, a alta havia sido de 25%. Como os resultados são referentes a 2019, o culpado não foi o coronavírus, mas as intensas disputas comerciais entre China e EUA — que fizeram o governo do presidente americano, Donald Trump, chegar a impedir que empresas americanas vendessem para a Huawei, o que deixou a companhia chinesa sem o sistema operacional Android, do Google. Ainda assim, o faturamento da companhia chinesa subiu 19%, para 858,8 bilhões de iuanes. As vendas para consumidores, como smartphones, subiram 34%. A Huawei passou a Apple em 2019 e tornou-se a segunda maior fabricante de smartphones do mundo.
Ford: 50.000 respiradores em sua fábrica
A montadora americana Ford anunciou nesta segunda-feira que vai produzir 50.000 respiradores nos próximos 100 dias em sua fábrica em Michigan, nos EUA. Os produtos serão feitas em parceria com a unidade de saúde do conglomerado industrial General Eletric. As fabricantes afirmam que, se necessário, é possível fazer 30.000 unidades por mês. O respirador desenvolvido pelas empresas já foi aprovado pela agência reguladora dos EUA, a FDA. Empresas de outros setores vêm sendo chamadas por governos mundo afora a desenvolver soluções para fabricar respiradores, uma vez que as empresas especializadas só conseguem produzir o aparelho às centenas, e não aos milhares. O presidente americano, Donald Trump, vinha pressionando as montadoras a fabricar respiradores e chegou a criticar a General Motors pela demora em fazê-lo. A GM já havia anunciado nos últimos dias uma parceria com uma fabricante especializada em respiradores para fabricar o produto.
Netanyahu em quarentena
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi colocado em quarentena preventiva nesta segunda-feira depois que um funcionário de seu gabinete testou positivo para o novo coronavírus. “Mesmo antes da investigação epidemiológica ser concluída e para dissipar qualquer dúvida, o primeiro-ministro decidiu que ele e sua equipe entrariam em confinamento”, disseram porta-vozes do primeiro-ministro. Segundo investigação inicial, Netanyahu não esteve em contato próximo o infectado, mas o gabinete do primeiro-ministro não informou data para o fim da quarentena.
Premiê da Hungria governará por decreto
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, conquistou nesta segunda-feira o direito de governar por decreto depois que seu partido Fidesz aprovou no Parlamento uma lei que lhe garante poderes adicionais irrestritos para combater o surto de coronavírus. A legislação que prolonga um estado de emergência provocou críticas de partidos de oposição, de grupos de direitos humanos e do Conselho da Europa, o principal fórum de direitos humanos do continente, por não conter um prazo. A lei impõe penas de prisão de até cinco anos àqueles que atrapalharem medidas que visam conter a disseminação do vírus e àqueles que espalharem informações falsas relacionadas à crise.