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COI vai examinar suposta corrupção envolvendo Ricardo Texeira

Enquanto isso, a Fifa declarou o caso como definitivamente encerrado

Ricardo Teixeira (esquerda), Lula e Joseph Blatter (direita) na divulgação da Copa no Brasil (Clive Rose/Getty Images)

Ricardo Teixeira (esquerda), Lula e Joseph Blatter (direita) na divulgação da Copa no Brasil (Clive Rose/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2010 às 14h05.

Zurique - O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou nesta terça-feira que examinará qualquer prova de suposta corrupção de um de seus membros, após uma reportagem da BBC sobre os casos de ilegalidades na Fifa.

"O COI tomou nota das acusações feitas pelo (programa) Panorama e pedirá aos produtores que entreguem qualquer prova que tenham", afirma um comunicado da organização.

"O COI tem 'tolerância zero' com a corrupção e levará o tema a seu comitê de ética", completa o texto.

Uma reportagem da BBC exibida na segunda-feira à noite acusa três membros do comitê executivo da Fifa, o brasileiro Ricardo Texeira, o presidente da Confederação Africana (CAF), Issa Hayatou, e o presidente da Confederação Sul-Americana, o paraguaio Nicolás Leoz.

Segundo as informações da BBC, os três integrantes do comitê executivo da Fifa receberam subornos de uma empresa de marketing há mais de uma década em um caso de corrupção.

Os três integram o organismo da Fifa que designará na quinta-feira em Zurique as sedes das Copas do Mundo de 2018 e de 2022.

A Fifa reagiu nesta terça-feira à exibição da reportagem da BBC e qualificou o assunto de investigação "definitivamente encerrada".

"As questões sobre o caso ISL/ISMM datam de vários anos e foram tratadas pelas autoridades competentes suíças", afirma a Fifa em um comunicado.

"É importante recordar que este caso envolve fatos que aconteceram antes do ano 2000 e que não houve nenhuma condenação contra a Fifa. A investigação e o caso estão definitivamente encerrados", completa o texto.


"Em seu veredicto de 26 junho de 2008, o Tribunal Penal de Zoug (Suíça) não condenou nenhum funcionário da Fifa", acrescenta a nota da entidade.

Em uma reportagem exibida na segunda-feira no programa Panorama da BBC, o jornalista Andrew Jennings, que investiga há 10 anos a corrupção na Fifa, afirmou ter documentos exclusivos sobre os pagamentos ilegais recebidos por três membros da entidade.

Os subornos foram pagos pela empresa de marketing International Sports and Leisure (ISL), que obteve os direitos de transmissão para TV de várias Copas do Mundo antes de falir em 2001.

Os documentos internos obtidos pela BBC dizem respeito a 175 pagamentos ilegais feitos entre 1989 e 1999, em um valor total de 100 milhões de dólares, incluindo à empresa de fachada Sanud, ligada a Ricardo Teixeira, membro do Comitê Executivo da Fifa e presidente da CBF.

A BBC afirma ainda que Issa Hayatou, que lidera a Confederação Africana de Futebol (CAF), recebeu em 'cash' um suborno de 100 mil francos, em 1995.

Nicolás Leoz, presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL), recebeu o total de 730 mil dólares da ISL.

O documentário informa também que o vice-presidente da Fifa Jack Warner, já acusado de ter revendido entradas para a Copa do Mundo da Alemanha-2006, tentou fazer a mesma operação durante o Mundial da África do Sul, comprando 84.240 dólares em ingressos para revenda.

"O programa é de interesse público e mostra que alguns executivos da Fifa que participam da decisão sobre a candidatura para (a Copa de) 2018 têm um histórico de aceitar subornos", destacou um porta-voz da BBC.

A divulgação do documentário foi precipitada por denúncias contra dirigentes da Fifa feitas nesta segunda-feira pela imprensa suíça.


Segundo o jornal Tages-Anzeiger, Ricardo Teixeira, Issa Hayatou e Nicolás Leoz faziam parte de uma lista secreta de pagamentos após a falência da ISL, que quebrou em meio a uma polêmica sobre subornos pagos contra a atribuição de contratos de televisão.

Neste caso, um tribunal do cantão suíço de Zug impôs multas a três executivos da ISMM/ISL em 2008 por fraude e crimes contábeis.

Leoz já figurava na lista como receptor de pagamentos suspeitos da agência de marketing, além de outras empresas com sedes em paraísos fiscais, segundo os dados apresentados pela procuradoria suíça em 2005.

Teixeira, Leoz e Hayatou integram o grupo de 22 dirigentes do Comitê Executivo da Fifa que escolherão na próxima quinta-feira as sedes dos Mundiais de 2018 e de 2022.

As acusações da BBC e do Tages-Anzeiger somam-se, entre outras, às denúncias que deixaram o taitiano Reynald Temarii e o nigeriano Amos Adamu de fora da votação do dia 2 de dezembro.

Inglaterra, Rússia e as candidaturas conjuntas Espanha-Portugal e Holanda-Bélgica disputam a organização da Copa de 2018, enquanto Austrália, Estados Unidos, Japão e Qatar desejam organizar o Mundial de 2022.

A organização Transparência Internacional (TI) pediu à Fifa que adie a eleição das sedes das próximas Copas do Mundo, prevista para o dia 2 de dezembro de 2010.

"Estas denúncias poderão fazer desacreditar o procedimento de tomada de decisões da Fifa, já que tomar uma resolução nas atuais circunstâncias apenas serviria para alimentar a polêmica".

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