Geraldo Alckmin: o tucano foi citado por ter supostamente recebido R$ 10 milhões de caixa 2 do grupo (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de abril de 2017 às 13h37.
Responsável pelo contrato da Odebrecht com o governo do Estado de São Paulo para a Linha 6 do Metrô, o executivo Arnaldo Cumplido de Souza e Silva afirmou à Operação Lava Jato que o codinome de Marcos Monteiro, o arrecadador oficial da campanha do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), em 2014, começou como "Salsicha" e passou para "M&M" nos registros criptografados das planilhas da propina do grupo.
O tucano foi citado por ter supostamente recebido R$ 10 milhões de caixa 2 do grupo e é alvo de um pedido de investigação enviado para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Alckmin nega irregularidades.
Atual secretário de Planejamento do governo de São Paulo, Monteiro foi apontado por três delatores da Odebrecht como o responsável por acertar o repasse de R$ 10 milhões para a campanha de Alckmin em 2014 e de receber o dinheiro - foram pagos, efetivamente R$ 8,3 milhões - dos emissários do Setor de Operações Estruturadas do grupo, o chamado "departamento da propina".
O delator afirmou que "Salsicha foi o primeiro" codinome. "À partir daí, todos foram M&M".
"E seria quem?"
"Acho que Marcos Monteiro."
A procuradora da Lava Jato quis saber se quando foi informado pelo seu superior, Luiz Antonio Bueno, na Odebrecht, se foi falado a ele que os valores eram para Marcos Monteiro, ele confirmou: "falou".
"E para a campanha de Geraldo Alckmin?."
"Para Geraldo Alckmin."
O delator detalhou aos investigadores como tomou conhecimento que os valores eram para o tesoureiro da campanha do governador. "Entre abril e outubro de 2014 Luiz Bueno me solicitou que programasse pagamentos sob o codinome M&M e também Salsicha. E que M&M seria Marcos Monteiro o coordenador financeiro da campanha de Geraldo Alckmin."
"E Salsicha?."
"Seria, eu acho, um codinome para a mesma pessoa", respondeu.
O delator afirmou que os valores foram alocados nos custos da obra do metrô que eram dirigidas por ele. As planilhas do Setor de Operações Estruturadas - o "departamento da propina" - relacionada aos ordenamentos de pagamentos para "M&M" a obra da Linha 6 do Metrô.
Os delatores, entre eles o chefe da área de infraestrutura da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Júnior, entregaram à Lava Jato os registros internos dos pagamentos feitos para "M&M". São as provas de corroboração do que disseram três delatores da Odebrecht sobre o caixa 2 para as campanhas de 2010, de R$ 2 milhões, para o codinome "Belém", e de 2014, de R$ 8,3 milhões, para os codinomes "Salsicha" e "M&M".
Nas planilhas, além do codinome M&M há registro das datas de entrega, as senhas usadas para o recebimento dos valores e referências às obras Linhas 6 do Metrô e Emissário Praia Grande relacionados aos pagamentos.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), negou qualquer irregularidade, por meio de nota.
"Jamais pedi recursos irregulares em minha vida política, nem autorizei que o fizessem em meu nome. Jamais recebi um centavo ilícito. Da mesma forma, sempre exigi que minhas campanhas fossem feitas dentro da lei."
O secretário de Planejamento do governo de São Paulo, Marcos Monteiro, afirmou que as contas da campanha de 2014 do governador Geraldo Alckmin foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral.
"A gestão financeira da campanha de 2014 foi feita dentro da lei e todas as contas foram aprovadas pelo TRE."