Apesar da oferta de crédito no país, aumentou de 7,7% para 8,4% o porcentual de famílias endividadas que informaram não ter condições de pagar seus débitos (Creative Commons)
Da Redação
Publicado em 22 de março de 2011 às 12h13.
Rio de Janeiro - O número de famílias endividadas recuou de fevereiro para março, segundo informou hoje a Confederação Nacional do Comércio (CNC), responsável pela pesquisa "Endividamento e Inadimplência do Consumidor". O levantamento, que ouviu 17.800 consumidores em todo o País, mostrou que o porcentual de famílias que se classificam como endividadas passou de 65,3% em fevereiro para 64,8% em março. No entanto, o porcentual de famílias endividadas em março deste ano é maior que o apurado no mesmo mês do ano passado, quando o índice atingiu 63%.
Segundo a CNC, o comprometimento da renda com gastos extras no início de ano conduziu a uma elevação no nível de endividamento das famílias nos primeiros dois meses de 2011. Ainda segundo a mesma pesquisa, manteve-se estável em 23,4% o porcentual de famílias endividadas que informaram estar com débitos em atraso, de fevereiro para março. Este porcentual é menor que o registrado em março do ano passado, de 27,3%.
Porém, de fevereiro para março, subiu de 7,7% para 8,4% o porcentual de famílias endividadas que informaram não ter condições de pagar seus débitos. Para a confederação, isso pode ter sido influenciado pelo atual mercado de crédito, que continua a apresentar condições menos favoráveis, com taxas de juros maiores e prazos mais curtos. No entanto, o porcentual de famílias sem condições de pagar suas dívidas em março deste ano ainda é menor que o apurado em março do ano passado (8,7%). Do total de famílias endividadas, 71,6% apontaram o cartão de crédito como modalidade principal. Na sequência parecem os carnês (21,9%) e o financiamento de carros (10,6%).
Consumo
A intenção de consumo das famílias brasileiras desacelerou em março, conforme a pesquisa "Intenção de Consumo das Famílias", elaborada a partir de 18 mil questionários apurados em todo o País. Segundo a CNC, o indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), calculado a partir das respostas dos entrevistados, caiu 1,7% em março ante fevereiro.
Na comparação com março de 2010, o ICF ainda é positivo, com alta de 0,9%. Embora a taxa seja superior a de fevereiro deste ano (0,7%), na comparação com igual mês do ano anterior a CNC informou que as taxas de elevação de fevereiro e de março do ICF são muito mais baixas do que a apurada para o indicador em janeiro de 2011, quando subiu 2,8% na comparação com janeiro de 2010. Para a entidade, estes dados reforçam a ideia de uma tendência de desaceleração no consumo das famílias brasileiras em março.
Segundo a confederação, as respostas foram influenciadas por uma piora, em março, nas avaliações das famílias brasileiras quanto ao emprego e à renda. De acordo com a entidade, o indicador de emprego atual, que mede a satisfação do brasileiro com o mercado de trabalho, caiu 2,2% em março ante fevereiro e mostrou queda de 0,3% na comparação com março de 2010. Já o indicador de renda atual, calculado a partir das respostas sobre a análise do consumidor quanto a sua renda, no momento, mostrou quedas de 1,3% em março ante fevereiro e baixa de 0,8% na comparação com março do ano passado.
O indicador que mede o interesse atual de compras de duráveis das famílias mostrou queda de 6,9% em março ante fevereiro e recuo de 0,5% na comparação com março de 2010. Para a CNC, a piora neste quesito é fruto da menor oferta e da diminuição de prazo nas modalidades de crédito no mercado em 2011.