Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
João Pedro Caleiro
Publicado em 12 de julho de 2019 às 17h21.
Última atualização em 12 de julho de 2019 às 17h34.
A Comissão de Meio Ambiente do Senado aprovou convite para que o ministro Ricardo Salles participe de uma audiência pública para tratar da situação do Fundo Amazônia. O colegiado esteve reunido nesta quinta-feira (11) discutindo o assunto, mas não houve a participação de representantes do governo.
O Fundo Amazônia está no centro de uma polêmica depois que foram anunciadas mudanças na sua estrutura e na destinação dos recursos. Noruega e Alemanha, os dois países que respondem por 99% das doações, discordam das propostas.
O dinheiro tem sido usado para investimentos não reembolsáveis em prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, além da conservação e do uso sustentável da Amazônia Legal.
O senador Jaques Wagner (PT-BA) disse esperar do governo um diálogo transparente para que o dinheiro não seja perdido e para que seja contornado o mal-estar criado com os doadores.
"O fundo tem sido importante para fomentar atividades para agregar valor aos produtos da floresta e preservar o meio ambiente. Abrir mão desse recurso não deveria ser sequer considerado pelo Executivo", afirmou.
Na audiência, o presidente interino da Associação dos Funcionários do BNDES, Arthur Koblitz, reclamou do comportamento de Ricardo Salles e alegou que está sendo difícil estabelecer um diálogo com o titular da pasta.
Ele também acusou o ministro de tentar intimidar os funcionários do banco e disse que a responsável pelo departamento de Meio Ambiente foi afastada de suas funções, mesmo sendo uma profissional reconhecida pelos colegas pela competência e reputação ilibada, o que revoltou os funcionários.
"Queremos dialogar, mas tem sido difícil com o atual ministro. Gostaria até de perguntar aos senadores: como proceder diante de um ministro que assim que toma posse anuncia uma série de suspeitas? Que chega ao banco num horário anterior ao previamente agendado para uma reunião, procura os técnicos, pede uma série de documentos e até tira fotos de computadores, num comportamento claramente intimidatório?", indagou.
Segundo Arthur Kolitz a reação dos funcionários do banco na época foi de não levar a público o ocorrido porque esperava-se que a situação pudesse ser contornada com o tempo. Segundo ele, para os funcionários foi um caso de ingerência política na instituição.
"Nunca tivemos registro de uma coisa como essa: um ministro chegar num dia no BNDES e, no outro, a responsável por um setor ser afastada. Depois disso, numa entrevista à imprensa, ele foi incapaz de apontar informações concretas a respeito das supostas irregularidades", destacou.
Segundo a senadora Soraya Thronicke (PSL-MS), o ministro já aceitou o convite e poderá ir à Comissão de Meio Ambiente na retomada dos trabalhos legislativos, a partir de 1º de agosto.
— Ele não podia vir hoje [quinta-feira] e não queria mandar ninguém para representá-lo. Ele queria vir pessoalmente tratar do Fundo Amazônia. Acho até bastante salutar e importante que ele venha — afirmou Soraya.