Brasil

Citados por Cabral, atletas olímpicos negam pagamentos para votarem no Rio

Em depoimento, Cabral disse que pagou US$ 2 milhões por nove votos para o Rio sediar os Jogos Olímpicos de 2016

Cabral: os atletas citados negam terem recebido para votarem pelo Rio de Janeiro (Marcelo Fonseca / FolhaPress/Folha de S.Paulo)

Cabral: os atletas citados negam terem recebido para votarem pelo Rio de Janeiro (Marcelo Fonseca / FolhaPress/Folha de S.Paulo)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de julho de 2019 às 09h56.

Última atualização em 5 de julho de 2019 às 09h59.

Dois campeões olímpicos em suas modalidades, o ex-nadador russo Alexander Popov e o ex-atleta do salto com vara ucraniano Sergei Bubka negaram nesta sexta-feira as acusações feitas pelo ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que está preso desde novembro de 2016, de que foram pagos para votarem a favor da cidade do Rio de Janeiro na eleição feita pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), em 2009, para a escolha da sede dos Jogos Olímpicos de 2016.

"Eu percebi que para muitos a notícia foi um choque. Especialmente para mim porque eu não votei no Rio", disse Popov à agência russa RIA Novosti. "Seria prudente que (Cabral) mostre pelo menos algum tipo de comprovante do suposto suborno aceito porque saberia em qual banco ir. Alguém aparentemente lucrou usando meu nome".

Além disso, o ex-nadador, dono de quatro medalhas de ouro nas Olimpíadas de 1992 e 1996, informou que os seus advogados preparam um comunicado oficial sobre as acusações e disse que ninguém do COI entrou em contato para falar sobre o assunto. Popov é membro honorário do COI desde 2016, mas entre os anos de 2000 e 2016 foi membro efetivo da entidade.

Bubka usou as suas redes sociais para se defender. O campeão olímpico nos Jogos de 1988, em Seul, na Coreia do Sul, afirmou que rejeita categoricamente as "falsas acusações feitas pelo ex-governador, que está na prisão por corrupção e que informou recentemente que deu US$ 2 milhões a vários membros do COI para garantir o Rio como sede".

"Lamine Diack (ex-presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo - IAAF) nunca entrou em contato comigo para falar das eleições da sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Meus advogados entraram em contato com ele (Diack) para pedir explicações sobre as acusações do senhor Cabral, que falsamente declara em seu testemunho que Diack prometeu o voto", completou o ucraniano.

Na quinta-feira, Sérgio Cabral afirmou à Justiça Federal no Rio de Janeiro que comprou por US$ 2 milhões os votos de nove integrantes do COI, em uma negociação feita com o senegalês Lamine Diack, presidente da IAAF de 1999 a 2015. O ex-governador afirmou que o então prefeito do Rio, Eduardo Paes, à época no MDB e hoje no DEM, e o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) souberam da negociação, mas não participaram nem obtiveram vantagens com ela.

A votação ocorreu em Copenhague, na Dinamarca, em 2 de outubro de 2009, em três turnos. No primeiro, Madri teve 28 votos, o Rio recebeu 26 e Tóquio, 22. Chicago ficou em último, com 18, e foi eliminada. Em teoria, sem os nove votos comprados o Rio teria 17 ficaria em último e sairia da disputa. No segundo turno, o Rio teve 46 votos, Madri 29 e Tóquio, 20. Na última etapa, o Rio teve 66 votos e Madri, 32. Os nove votos só fizeram diferença, portanto, no primeiro turno.

Acompanhe tudo sobre:AtletasCorrupçãoOlimpíadasRio de JaneiroSérgio Cabral

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022