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Ciro promete acabar com teto de gastos e taxar grandes fortunas

Ex-ministro lançou sua pré-candidatura à Presidência pelo PDT nesta sexta-feira (22)

Ciro Gomes (Andre Coelho/Bloomberg)

Ciro Gomes (Andre Coelho/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de janeiro de 2022 às 10h22.

Ao lançar nesta sexta, 21, sua pré-candidatura à Presidência, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) fez um discurso incisivo contra os principais adversários e prometeu, se eleito, eliminar o teto de gastos públicos, revisar a reforma trabalhista e taxar grandes fortunas, além de tributar lucros e dividendos. Dirigindo-se à plateia como "minhas irmãs e meus irmãos", Ciro também reiterou a proposta de acabar com o instrumento da reeleição no País.

Isolado e sem alianças partidárias encaminhadas até o momento, o PDT promoveu o ato político para impulsionar a campanha de Ciro, em Brasília, e dissipar rumores de que ele desistirá da disputa. A cerimônia contou com a presença do marqueteiro João Santana, que antes trabalhou em campanhas do PT.

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"Quero ser o presidente da rebeldia e da esperança", afirmou Ciro, numa referência a seu novo slogan, produzido por Santana. "Estão pensando o quê? Isso é para valer!", disse ele, em recado para deputados do partido que até hoje o pressionam a renunciar, caso não consiga crescer nas pesquisas de intenção de voto. O PDT evocou ali a imagem de Leonel Brizola e se referiu aos 100 anos que o político gaúcho completaria nesta sábado, 22, para apresentar seu pré-candidato como um "rebelde".

Em quase uma hora de pronunciamento, Ciro dirigiu fortes críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL), ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ex-juiz Sérgio Moro (Podemos). O ex-ministro vinculou Lula a Bolsonaro, a quem acusou de praticar genocídio na pandemia de covid-19, e propôs quebrar essa polarização. Não faltaram ataques a Moro, definido por ele como dono de um currículo equivalente a um "rosário de vergonhas".

O foco das críticas foi a economia, tema que tem dominado o debate entre os principais pré-candidatos na disputa deste ano. "Seria exagero dizer que os presidentes, apesar de diferentes em muitas coisas, foram iguaizinhos em economia, e que o modelo econômico que copiaram uns dos outros nos trouxe a este beco sem saída?", provocou o ex-ministro. "Seria mentira afirmar que eles sem exceção, impuseram um tipo de governança que tem o conchavo e a corrupção como eixos? Não, não é exagero. É pura realidade", completou.

'Irresponsabilidades'

Mais tarde, em entrevista, Ciro afastou a possibilidade de apoiar Lula em um eventual segundo turno contra Bolsonaro. "Eu ajudei o Lula em todas as eleições. Será que existiria o Bolsonaro se não fosse a contradição econômica, social e moral do Lula? Eu não posso ficar de novo sustentando as irresponsabilidades do Lula", disse ele, que foi ministro da Integração Nacional no governo do petista.

Em sua quarta tentativa de chegar ao Palácio do Planalto, Ciro afirmou que, se eleito, acabará com o teto de gastos. A medida foi adotada durante o governo do ex-presidente Michel Temer, em 2016, e limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior. O ex-ministro criticou a regra por excluir as despesas com o pagamento de juros da dívida pública e reduzir os investimentos.

"Prometo, portanto, acabar com essa ficção fraudulenta chamada teto de gastos e colocar em seu lugar um modelo que vai tocar o Brasil adiante sem inflação e com equilíbrio fiscal verdadeiro", afirmou.

Ao direcionar ataques a Moro, Ciro também prometeu encaminhar uma proposta de reforma do combate à corrupção, a ser debatida a partir de março, antes do início oficial da campanha. "Não haverá espaço para estrelismos e efeitos especiais nem espetáculo para conquista de plateias ou, pior, de eleitores", disse o pré-candidato, classificando o adversário do Podemos como um caso "de glória efêmera como juiz e agora candidato a se derreter em contradições, mentiras e despreparo".

Vice

Disposto a atrair Marina Silva, líder da Rede Sustentabilidade, para compor a chapa como candidata a vice, Ciro afirmou que a ex-ministra tem "todos os dotes para ser uma presidente do Brasil". Ressalvou, no entanto, que "é cedo" para falar em vice.

O pré-candidato pregou um conjunto de reformas para aprovação no Congresso e um plebiscito, incluindo o fim da reeleição. Na economia, defendeu uma política para acabar com o déficit fiscal ou seja, garantir que o governo arrecade mais do que gasta, sem recorrer ao tripé macroeconômico - meta de inflação, meta fiscal e câmbio flutuante.

Pedetista e Lula disputam apoio de Marina Silva

O pré-candidato do PDT à Presidência, o ex-ministro Ciro Gomes, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontado como nome do PT na eleição presidencial, disputam o apoio da ex-ministra Marina Silva (Rede). O pedetista é mais enfático e a convidou para ser sua vice - os dois mantiveram relação próxima nos últimos anos.

Como mostrou o Estadão ontem, uma eventual chapa com Marina, que obteve 1% dos votos na eleição em 2018, já tem nome: "Cirina". O presidente do PDT, Carlos Lupi, afirmou que tem conversado com a ex-ministra, mas disse que, por enquanto, não há uma definição. "Não avançou. Está em discussão. Não tem nada fechado. Tem uma discussão interna deles, uma divisãozinha também (na Rede)", declarou Lupi ao Estadão.

A Rede está rachada. Ontem, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) se reuniu com Lula em São Paulo. Ele é um dos que defendem a aliança com o PT e tem sido o principal interlocutor entre o ex-presidente e Marina.

A ex-ministra rompeu com o então presidente em 2009, por divergências internas no governo - ela foi ministra do Meio Ambiente. A relação com o PT naufragou de vez em 2014, quando Marina foi alvo de uma agressiva campanha eleitoral elaborada pelo marqueteiro João Santana, que hoje trabalha para a campanha de Ciro Gomes.

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