Ciro Gomes, negou nesta quarta-feira, 18, que tenha praticado racismo ao chamar de "capitãozinho do mato" o vereador paulistano Fernando Holiday (Paulo Whitaker/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de julho de 2018 às 14h56.
Última atualização em 18 de julho de 2018 às 17h36.
São Paulo - O pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, negou nesta quarta-feira, 18, que tenha praticado racismo ao chamar de "capitãozinho do mato" o vereador paulistano Fernando Holiday (DEM), que também é integrante do Movimento Brasil Livre (MBL).
A negativa acontece dois dias depois de o Ministério Público de São Paulo (MPSP) determinar abertura de inquérito para investigar o presidenciável por injúria racial. À Rádio Bandeirantes esta manhã, o ex-governador do Ceará diz ter feito a alusão "defendendo os negros". "Capitão do mato é a pessoa que se presta ao serviço de perseguir os negros. Este jovem entrou na política dizendo que ia acabar com as cotas, com o dia da consciência negra. Todas as entidades que defendem a questão dos negros chamam ele de capitão do mato", criticou.
Ciro também foi questionado sobre a declaração dada ontem, em que chamou de "filho da p..." o promotor responsável por abrir a investigação sobre o caso durante evento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), na capital paulista.
"Num ambiente democrático ele pode defender o que quiser e eu posso criticá-lo. Eles me chamam de coronel todo dia por quê? Porque sou nordestino. E eu vou judicializar isso? Deixe que eu cuido da política e o MP, por favor, vá cuidar das facções criminosas aqui em São Paulo, e não dessas baboseiras da política. Quer aparecer, por favor, bote uma melancia no pescoço", frisou.
Ontem, na Abimaq, Ciro criticou a abertura do inquérito. "Um promotor aqui de São Paulo agora resolveu me processar por injúria racial. E pronto, um filho da p... desse faz isso", afirmou. O pedetista reclamava do ativismo judiciário sobre os demais poderes.
Hoje, o MP-SP divulgou nota defendendo a prerrogativa da instituição de investigar o caso e afirmou que "os termos com os quais o investigado referiu-se à promotora são completamente inapropriados". "Compete ao conjunto dos promotores de Justiça, nos termos do artigo 127 da Carta Magna, defender a ordem jurídica e o regime democrático. E esse trabalho continuará sendo feito com a mais absoluta serenidade, levando-se em conta rigorosos parâmetros de profissionalismo, técnica e impessoalidade", diz a nota.