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Ciro Gomes: “Amanhã pode ser qualquer um de nós”

Ex-ministro e pré-candidato à Presidência da República comentou ataques e propostas de governo em debate na universidade Sorbonne

Ciro Gomes: "Geraldo Alckmin disse que eles colheram o que plantaram: é esse o Brasil que eles querem levar de novo” (Sergio Moraes/Reuters)

Ciro Gomes: "Geraldo Alckmin disse que eles colheram o que plantaram: é esse o Brasil que eles querem levar de novo” (Sergio Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2018 às 17h18.

Última atualização em 28 de março de 2018 às 17h53.

O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato à presidência da República pelo PDT, condenou os disparos feitos contra o ônibus da comitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira 27, no Paraná. “Isso é uma barbaridade que tem de ser reprimida severamente, com pressa”, disse ele, em entrevista a EXAME, após participar de uma mesa redonda na universidade Sorbonne, em Paris.

“O ônibus do Lula já vinha sendo atacado por ovos e pedras, que se pode até achar que é uma linguagem de protesto, mas bala é barbárie”, disse Ciro. “Ontem deram três tiros em um ônibus, alguém poderia ter morrido, e o ilustre opositor Geraldo Alckmin disse que eles colheram o que plantaram: é esse o Brasil que eles querem levar de novo”, completou.

“Ontem foi a Marielle, que não se descobriu quem matou, amanhã pode ser qualquer um de nós”, disse o pré-candidato, para quem as eleições de 2018 já estão marcadas por uma crescente violência. Na Europa desde sexta-feira, ele cumpre uma agenda de palestras e encontros com parlamentares, acadêmicos e executivos a convite de associações culturais, fóruns e universidades.

Nessas ocasiões, Ciro explora alguns pontos do seu programa de governo sob análises de antigas gestões do país. “Estou dedicado a tentar construir uma corrente de opinião”, disse. O objetivo da investida é retirar o aspecto personalista do pleito e antecipar o debate para que, segundo ele, as propostas sejam viabilizadas o quanto antes.

Outra meta é tornar públicas suas proposições sobre ajuste fiscal e reforma tributária. Não à toa, a fala do ex-ministro na capital francesa foi permeada pela relação entre política e economia. “O que está no plano de fundo, no grande quadro, é uma economia política que se estagnou desde os anos 80 para cá”, disse.

Ciro defendeu o aumento da carga tributária para reduzir a disparidade de renda e aumentar o orçamento de educação e saúde, por exemplo. “O nosso sistema tributário não é progressivo: ele é regressivo e cobra muito mais impostos da classe média e dos trabalhadores do que dos ricos”, disse.

O pré-candidato também propôs uma reformulação do pacto federativo, isto é, repensar a divisão da receita entre municípios, estados e União. Um maior número de referendos e plebiscitos fariam parte dessas reformas. “A nossa elite já está chamando isso (eleições diretas) de chavismo”, disse.

Oposição e coligação

Para o pedetista, as alianças dos ex-presidentes FHC e Lula com o PMDB fracassaram. A sua tentativa no cargo consistiria em isolar na oposição o partido do atual presidente Michel Temer. “Governar sem o PMDB é fácil”, disse. “Tem uma fração respeitável e uma frente de larápios que se reunem para roubar juntos e depois se separam na divisão do butim.”

O pré-candidato acredita que a coesão na esquerda brasileira se dará a partir do segundo turno das eleições presidenciais deste ano (isso, claro, se algum candidato chegar lá). Segundo ele, a indicação de um sucessor político por Lula também será um fator importante durante a campanha caso a candidatura do ex-presidente seja inviabilizada.

“Vamos resistir à hegemonia do PT, mas será uma resistência fraterna”, afirmou. Questionado sobre uma aliança com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, Ciro disse que o vice-presidente da sua chapa será definido pouco antes do fim do período de registro de candidaturas na justiça eleitoral. “Isso será resolvido lá pra junho, julho”, afirmou.

Segundo as últimas pesquisas de intenção de voto Ciro Gomes tem 10% da preferência num cenário sem Lula. Seu desafio, evidentemente, é transformar as certezas em voto.

 

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