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Cinco jovens são detidos por vandalismo em protesto contra Bolsonaro em SP

A defensora dos acusados afirma que eles não participaram dos atos de vandalismo e que as acusações contra eles não foram individualizadas

Protesto (foto de arquivo): ato contra Bolsonaro, realizado em SP no dia 30 de outubro (Nacho Doce/Reuters)

Protesto (foto de arquivo): ato contra Bolsonaro, realizado em SP no dia 30 de outubro (Nacho Doce/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de outubro de 2018 às 14h39.

Última atualização em 31 de outubro de 2018 às 15h15.

São Paulo - Quatro adolescentes detidos na noite de terça-feira, 30, em protestos no centro de São Paulo, ainda estão em poder da polícia e devem ser apresentados à Justiça na tarde desta quarta-feira, 31. Eles podem ser internados na Fundação Casa, ex-Febem, acusados de dano qualificado, incêndio e desacato à autoridade.

Um jovem adulto, de 18 anos, preso em flagrante sob as mesmas acusações, passará por audiência de custódia no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste da capital.

Um protesto contra o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) saiu do vão livre do Masp, na Avenida Paulista, e seguiu para o centro da cidade. Na região central, havia também um ato contrário a vídeos de um estudante da Universidade Mackenzie que ameaçava "matar a negraiada" em meio a defesas do presidente eleito.

A Secretaria Estadual da Segurança Pública informou que ainda está apurando o caso e não deu informações sobre as detenções.

Defensora dos cinco acusados, a advogada criminalista Maíra Pinheiro, da Rede Feminista de Juristas, afirma que os cinco não participaram dos atos de vandalismo ocorridos na terça-feira e que as acusações contra eles não foram individualizadas. "Há um vídeo na internet que mostra a hora em que os bancos foram depredados ontem (terça). As imagens mostram que, primeiro, a Polícia Militar não estava lá, não havia policiais vendo quem estava depredando. Segundo, que as pessoas que depredaram não são os rapazes que foram presos".

O boletim de ocorrência do caso, iniciado às 4h15 desta terça-feira, diz que os cinco chegaram à delegacia algemados, diante do "fundado receio de fuga" e do "fundado receio de risco à integridade física própria ou alheia". São dois adolescentes de 16 anos e dois de 17. O maior, de 18 anos, é morador de Diadema, na região metropolitana de São Paulo.

No documento, os policiais relatam que os cinco "destruíram, mediante grave ameaça, por motivo egoístico e com prejuízo considerável às empresas vítimas, duas agências bancárias". "No desdobramento fatídico, desacataram policiais militares".

Os PMs que trouxeram o grupo à delegacia disseram que três dos adolescentes tinham "garrafas contendo conteúdo inflamável em seu interior". Os policiais disseram ainda terem sido desacatados e que os jovens tinham arremessado coquetéis molotov contra os agentes do Estado. Ainda segundo o boletim de ocorrência, os manifestantes atiraram pedras contra os policiais enquanto gritavam palavras de ordem acusavam os PMs de serem fascistas.

A advogada afirma que os cinco detidos não foram presos pela PM durante o ataque à agência nem aos PMs. "Eles foram presos depois, na dispersão", afirma. Três deles foram apanhados na Praça Roosevelt, um na Praça da República e o terceiro no Terminal Bandeira, no Vale do Anhangabaú, locais da região central de São Paulo.

"Um deles nem estava na manifestação. Estava no terminal", diz a advogada. Ela relata que um dos adolescentes está com escoriações no rosto e que outro foi ferido por uma bala de borracha que o atingiu no abdômen. A advogada se queixou de não ter tido acesso aos depoimentos dos policiais, que acusavam os detidos. Disse ainda que um policial militar a intimidou na delegacia, por ter reconhecido a advogada como pessoa que acompanhou a manifestação contra o presidente eleito.

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