Presidente Dilma Rousseff (PT) conversa com assessores durante o primeiro debate do segundo turno da eleição (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2014 às 12h24.
São Paulo - Pelo acirramento da disputa neste segundo turno, o tom agressivo do debate entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) na noite desta terça-feira, 14, é considerado normal pelo cientista político e professor da Universidade Federal de São Carlos Fernando Azevedo.
No entanto, há dúvidas sobre a eficácia da tática no convencimento dos eleitores que ainda não têm candidato. "O que a gente conhece da literatura científica sobre debates é que o eleitor não gosta quando os ataques são pessoais", avalia.
No debate, Aécio chamou Dilma de leviana e disse que a adversária mentia "para ficar no governo". Ouviu da petista que estava "fabulando" e "criando lendas".
Para Azevedo, o fato de Aécio ter desqualificado algumas perguntas da adversária - como no momento em que disse que o questionamento de Dilma era confuso - pode pesar contra o tucano. "Isso pode gerar reação da parte do eleitor independente. Só os correligionários gostam desse tipo de provocação."
O cientista político reconhece a dificuldade de oratória da presidente, mas acha que a estratégia fez com que a Dilma tivesse sua melhor performance em debates na noite de ontem. "Aécio é muito mais articulado verbalmente. Mas Dilma esteve quase sempre no ataque, colocando o Aécio na defensiva", afirma.
Apesar de considerar que Dilma teve "uma vantagem", Fernando Azevedo não afirma que a petista venceu o debate, que considerou equilibrado. Para ele, os dois candidatos mostraram ter pontos vulneráveis em seus discursos.
"Dilma se saiu bem melhor do que no debate da Globo. Aécio se saiu pior", avalia o cientista, para quem o embate de ontem tem poder de influenciar nas pesquisas por ser um debate tradicional e ter tido boa audiência.