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Chuvas no Sudeste não devem aliviar preocupação com represas

As chuvas esperadas, apesar de melhores que na mesma temporada do ano passado, provavelmente não vão encher as represas dessa região


	Chuvas esperadas, apesar de melhores que na mesma temporada do ano passado, provavelmente não vão encher as represas dessa região a níveis melhores que os vistos em abril do ano passado
 (Divulgação/Sabesp)

Chuvas esperadas, apesar de melhores que na mesma temporada do ano passado, provavelmente não vão encher as represas dessa região a níveis melhores que os vistos em abril do ano passado (Divulgação/Sabesp)

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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2015 às 13h50.

São Paulo - As chuvas previstas para atingir o Sudeste do país nos próximos três meses não deverão ser suficientes para aliviar preocupações em relação ao nível das represas da região em 2015 ante a situação observada em 2014, segundo especialistas climáticos.

As chuvas esperadas, apesar de melhores que na mesma temporada do ano passado, provavelmente não vão encher as represas dessa região a níveis melhores que os vistos em abril do ano passado, fim do período úmido, na avaliação dos meteorologistas.

Eles estimam que isso não será possível porque os reservatórios estão iniciando este período úmido com níveis muito menores que os do mesmo período do ano passado.

Além disso, o consumo de energia tende a aumentar mais fortemente a partir de janeiro com a elevação das temperaturas e após o período de descanso da indústria na temporada de feriados e recessos de fim de ano.

"Mesmo chovendo dentro da média, até acima da média, não são condições suficientes para reverter o atual cenário", disse o meteorologista da Somar Meteorologia Willians Bini.

Em abril de 2014, o nível das represas do Sudeste finalizou o mês em 38,77 por cento. Atualmente, as represas estão a 19,72 por cento e a expectativa do Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS) mais recente é de que o patamar das represas dessa região chegará a 29,8 por cento ao fim de janeiro.

Especialistas apontam que um nível confortável, para reverter o cenário de preocupação para uma normalidade, seria por volta de 60 por cento.

O governo federal tem afirmado que não há risco de racionamento de energia no país e que chuvas na média histórica garantem o abastecimento no próximo período seco.

O presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Luiz Eduardo Barata, disse à Reuters no fim de dezembro que espera que as usinas térmicas tenham que continuar ligadas para recuperação dos reservatórios do Sudeste por mais dois anos.

Chuva e Temperatura

O verão de 2015 deverá ter menos calor e mais chuva que o de 2014, mas a irregularidade das precipitações que não se mostram constantes sobre os reservatórios das usinas hidrelétricas, onde precisa chover, é o fator de maior incerteza.

"A gente não está esperando um período tão longo de seca (como no ano passado). Por outro lado, não tem nada indicando que a chuva vai ficar estacionada", disse o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Marcelo Schneider.

"Janeiro deve ser favorável, com chuva dentro da média e em alguns pontos até um pouco acima da média. Mas a distribuição não é homogênea", disse Bini da Somar.

O meteorologista acrescenta que o calor não deve ser tão forte quanto o do ano passado, já que a maior quantidade de chuva esperada neste ano tende a regularizar picos de calor.

Alexandre Nascimento, meteorologista da Climatempo, espera temperatura no Sudeste entre na média e acima da média neste ano, apesar de mais amena em relação a 2014.

No caso da cidade de São Paulo, por exemplo, as temperaturas máximas médias para essa época do ano são de cerca de 27 graus. No ano passado, no verão, as temperaturas médias máximas chegaram a 32 graus e, para este ano, Nascimento espera que fiquem em torno de 30 graus.

Água do Cantareira

A principal preocupação é em relação ao Sistema Cantareira, que abastece com água a Grande São Paulo. Para Nascimento há risco de faltar água em 2015, considerando as expectativas de chuva.

"Na melhor das hipóteses, a gente vai conseguir recuperar os volumes mortos. Está quente e naturalmente as pessoas usam mais água", disse ele.

O enchimento dos reservatórios no Sudeste tem que ocorrer mais fortemente durante o período úmido, no verão, para que as represas consigam passar com tranquilidade pela estação seca.

A recuperação do volume morto do Cantareira significaria encher a represa em torno de 21 por cento de sua capacidade de armazenamento.

Isso porque o volume morto, aquele abaixo das comportas das represas e que precisa ser bombeado para utilização, concentra cerca de 28 da capacidade do Sistema Cantareira e, atualmente, essa parcela do reservatório está em 7 por cento.

No final de dezembro, o governador paulista Geraldo Alckmin anunciou novas medidas para estimular redução do consumo de água no Estado, que incluem cobrança de sobretaxa de até 50 por cento sobre o valor total das contas de quem consumir mais que a média a partir de janeiro.

A Sabesp, responsável pela operação do Cantareira, tem em sua programação diversas obras relacionadas à segurança hídrica até 2017, mas no curtíssimo prazo a recuperação do Cantareira depende de chuvas e redução do consumo.

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