São Paulo - O indíce pluviométrico elevado dos últimos dez dias parece ter acalmado a situação para o governo de São Paulo. Desde o começo de fevereiro, as chuvas quase diárias elevaram o armazenamento de água do Sistema Cantareira e a 17 dias do final do mês, já choveu 70,7% do esperado. Nesta quarta-feira, o sistema opera com 6,4% de sua capacidade.
No dia 27 de janeiro, quando um diretor da Sabesp falou pela primeira vez sobre como poderia ser o rodizio em São Paulo - 5 dias sem água por 2 dias com -, o sistema estava com 5,1% de sua capacidade. Hoje, 15 dias depois, o nível subiu apenas 1,3% e o governo já considera adiar e até descartar de vez o racionamento.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, um assessor do governo afirmou que se o sistema Cantareira estiver operando com uma capacidade de 10% a 12% no final de março, o rodízio de água na Grande São Paulo pode ser evitado.
Para que isso ocorra, o ritmo atual de chuvas precisaria permanecer até o final de março, quando termina a estação das chuvas na região. Além disso, é preciso que a obra de ligação entre a represa Billings com o sistema Alto Tietê e a interligação entre os sistemas fiquem prontas até maio. Assim, as represas que estão em melhor situação poderiam atender moradores que hoje são abastecidos pelo Cantareira.
Se todos os três fatores acontecerem e a política de redução de pressão na rede de abastecimento for mantida, a Sabesp afirma que poderá manter o abastecimento ao longo de 2015 e evitar a possibilidade de rodízio de água.
Para isso acontecer, no entanto, a vazão de retirada de água do Cantareira teria que ser diminuída mais uma vez. A vazão atual é de 14 mil litros por segundo e a Sabesp quer baixá-la para 10 mil litros por segundo para passar o ano. Antes da crise, eram retirados 33 mil litros de água por segundo do sistema.
De qualquer forma, é preciso esperar o dia 28 de fevereiro para saber se o rodízio será necessário ou não. Caso os fatores esperados pela Sabesp não aconteçam do jeito esperado, o modelo de rodízio implantado seria o de quatro dias sem água e dois com abastecimento.
Segundo a coluna da Mônica Bergamo na Folha, em reunião secreta com o prefeito Fernando Haddad (PT-SP), o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) explicou que menos dias com a torneira seca não renderiam a economia necessária para superar a crise.
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1. Uma história de ataques e danos
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São Paulo - A relação das cidades com as
águas é um negócio curioso. Os homens sempre procuraram se fixar ao longo dos grandes rios para ter água e vias de transporte próximas. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento urbano acarretou a deterioração desses recursos hídricos, comprometendo sua quantidade e qualidade. No maior estado do Brasil, não foi diferente. A história de São Paulo com seus rios é marcada por ataques e danos, que se repetem até hoje e nos ajudam a entender a crise hídrica que assombra a região de um jeito diferente
— mais integrado. Veja nas fotos 10 números que mostram o descaso do Estado paulista com este bem tão precioso.
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2. Passe livre para poluir
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Tão importante quanto ter água em quantidade é ter água de boa qualidade. São Paulo deixa de tratar quase 57% dos esgotos gerados, segundo dados do Sistema Nacional de Informações de Saneamento Básico do Ministério das Cidades. Toda essa água suja ameaça as reservas limpas e encarece os custos de tratamento no futuro.
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3. Zero tratamento
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Entre os 645 municípios do Estado, pelo menos 60 não possuem tratamento algum de esgoto. Sem rede adequada, todo o esgoto gerado vai parar nos rios próximos. Em todos eles, a coleta de esgoto não passa de 40% dos domicílios.
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4. Ainda tem gente sem acesso à coleta de esgoto
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Quase 25% da população do Estado de São Paulo ainda não conta com serviços de coleta de esgoto. Quem mora nessas situações, precisa recorrer a métodos de risco para a saúde, como o uso de fossa negra.
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5. Desperdício
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De cada 100 litros de água coletada e tratada, apenas 66 litros chegam são e salvos na casa dos paulistas. Os outros 34 litros ficam pelo caminho. Ligações clandestinas, vazamentos, obras mal executadas ou medições incorretas no consumo de água são as principais causas das perdas. Um quadro imperdoável para um recurso tão precioso e cada vez mais escasso.
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6. Despejo ilegal
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No entanto, nem toda a água que sai das indústrias em forma de esgoto retorna limpa para o meio ambiente, como deveria acontecer. A cada hora, as indústrias paulistas descartam cerca de dez milhões de efluentes cheios de resíduos tóxicos e sem tratamento algum nos rios e lagos dos municípios de São Paulo. Por dia, o descarte ilegal de esgoto industrial daria para encher dois lagos do Parque Ibirapuera, segundo estudo feito pela Grupo de Economia da Infraestrutura e Soluções Ambientais, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
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7. Descaso com as áreas verdes piora a crise
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Nos últimos 50 anos, a região da Cantareira teve quase 80% de sua vegetação nativa desmatada, segundo um
levantamento feito pela Fundação SOS Mata Atlântica. Atualmente, restam apenas 21,5% da cobertura original nas bacias hidrográficas e nos 2.270 quilômetros quadrados do conjunto de seis represas que compõem o Sistema Cantareira. Os impactos do
desmatamento em áreas de manancial são significativos. A floresta tem papel essencial na prevenção de secas, pois reabastece os lençóis freáticos e impede a erosão do solo e o assoreamento de rios.
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8. "Joga no rio que o rio resolve"
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A política do laissez-faire com relação ao manejo do lixo resulta em situações como a que deixou atônita a população da região de Salto, em Sorocaba, em julho do ano passado. Por conta da estiagem severa, o Rio Tietê, que corta o centro da cidade, transformou-se num fio de água e expôs toneladas de lixo acumulado ao longo de décadas.
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9. Clandestinidade impera
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Na grande maioria dos casos é dos poços artesianos que os caminhões pipa retiram água. A cidade de São Paulo tem cerca de 2000 poços outorgados pelo DAEE, mas especialistas do setor estimam em mais de 8 mil o número de clandestinos, que incluem tantos poços operantes, como paralisados.
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10. Rodízio "vetado"
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O rodízio de água era a primeira opção apresentada pela Sabesp para contornar os níveis decadentes do sistema Cantareira. O plano foi formalmente entregue em janeiro de 2014 ao Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), mas foi descartado pelo governo Alckmin. Na ocasião, o rodízio proposto era de 48 horas com água e 24 horas sem para as localidades atendidas pelo Cantareira. Se tivesse sido implementada há um ano, a medida poderia ter resultado em uma economia de 120 bilhões de litros em 2014.
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11. Tietê na UTI
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O mais importante rio do estado de São Paulo também é o mais poluído do Brasil, segundo o levantamento “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável”, do IBGE.
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12. Água no ralo
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