Brasil

Chuva provoca perdas na safra de soja em Mato Grosso do Sul

As chuvas afetaram cerca de 80% da área cultivada com soja no Estado, de acordo com estimativa inicial da associação que reúne os produtores

Um vagão é abastecido com soja na Argentina (Daniel Garcia/AFP)

Um vagão é abastecido com soja na Argentina (Daniel Garcia/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de março de 2011 às 16h59.

São Paulo - As chuvas contínuas que atingiram Mato Grosso do Sul, quinto maior produtor de soja do país, desde o final de fevereiro afetaram de alguma forma cerca de 80% da área cultivada com soja no Estado, de acordo com estimativa inicial da associação que reúne os produtores.

"A safra que poderia ser uma das melhores do Estado agora vai ter perda de produtividade e qualidade (dos grãos)", disse Lucas Galvan, assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).

De acordo com levantamento inicial da Famasul, as perdas de produtividade variam de 60 por cento no norte, nos municípios de São Gabriel do Oeste, Chapadão do Sul e Costa Rica, a 40 por cento no centro-sul do Estado, em Maracaju, Sidrolândia, Rio Brilhante, entre outros.

Segundo ele, foram dez a doze dias de chuvas contínuas que afetaram a região norte, cuja safra corresponde a cerca de 30 por cento da produção do Estado, e o centro-sul, com 50 por cento de participação.

O assessor explicou que a Famasul ainda não tem uma estimativa de quanto será a redução na safra total de soja do Estado, porque no extremo sul e parte sudoeste de Mato Grosso do Sul as chuvas diminuíram e as máquinas estão no campo para a colheita.

A previsão inicial era de uma safra recorde de 5,5 milhões de toneladas em 2010/11, com uma produtividade recorde de 3.100 kg por hectare. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima produção do Estado em 5,4 milhões de toneladas.

Mas o clima chuvoso, que coincidiu com a colheita, deve reduzir a produtividade média do Estado em até 40 por cento, segundo a Famasul, além de deixar grãos com alto nível de umidade.

"A umidade dos grãos está entre 20 a 30 por cento, quando o normal é 15 a 17 por cento. As armazenadoras não querem receber a soja ou quando recebem dão descontos", afirmou Galvan, ressaltando que o problema também reduzirá a lucratividade dos produtores.

O especialista da Somar Meteorologia, Celso de Oliveira, disse que em muitas áreas a soja apodreceu e germinou no pé. "Em algumas áreas não dá para fazer mais nada, perdeu completamente", afirmou.

Ele explica que o Mato Grosso do Sul fica em região plana, banhada por rios que nascem em Mato Grosso, onde também está chovendo muito. "Por ser plano, os rios demoram muito a esvaziar. Mesmo com chuvas parando, os rios continuam subindo se as chuvas continuam nas nascentes (em MT)", disse.

Oliveira confirmou que os produtores que estão em áreas mais altas já retomaram a colheita de soja. "A chuva (em Mato Grosso do Sul) a partir de agora ficará bem mais fraca", afirmou.

CAUTELA Para Fernando Muraro, analista da Agência Rural, ainda é difícil fazer uma estimativa precisa sobre o impacto das fortes chuvas que atingiram o Mato Grosso do Sul na última semana.

Contudo, ele considera que as precipitações terão algum impacto. As chuvas foram mais intensas na divisa entre Goiás e Mato Grosso do Sul "Vai dar uma afetada sim, neste momento não dá pra fazer uma avaliação correta. Mas sabe-se que é bem pontual também, são algumas regiões", disse ele, referindo-se ao norte de Mato Grosso do Sul.

Mas igualmente ele afirmou que a situação para o produtor pode ficar pior se o tempo impossibilitar trabalhos de colheita nos próximos dias.

"A coisa complica se neste final de semana não der colheita... Ainda é muito cedo para falarmos em perdas."

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioCommoditiesMato GrossoSojaTrigo

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022