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Chico Rodrigues deveria se licenciar, diz presidente do Conselho de Ética

Flagrado com R$ 33 mil na cueca durante operação da PF, senador pediu nesta segunda (19) para deixar o Conselho de Ética do Senado, que agora deve julgá-lo

Chico Rodrigues: senador de Roraima pelo DEM foi flagrado com R$ 33 mil em espécie na cueca durante operação da Polícia Federal (Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Chico Rodrigues: senador de Roraima pelo DEM foi flagrado com R$ 33 mil em espécie na cueca durante operação da Polícia Federal (Edilson Rodrigues/Agência Senado)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 19 de outubro de 2020 às 16h52.

Última atualização em 19 de outubro de 2020 às 16h54.

Sem previsão de reabertura do Conselho de Ética do Senado, o presidente do colegiado, Jayme Campos (DEM-MT), sugeriu que o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com R$ 33 mil na cueca, se licencie do mandato por 121 dias. Seria uma maneira de mostrar que ele "quer, de fato, esclarecer a verdade", disse Campos, nesta segunda-feira, 19, após reunião com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), na Residência Oficial do Senado, em Brasília.

Chico Rodrigues (DEM-RR) pediu para deixar o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado nesta segunda (19), mas ainda é alvo de uma representação que pode cassar seu mandato na Casa. Chico Rodrigues fazia parte do colegiado que agora pode julgá-lo.

O Conselho de Ética deve discutir a possibilidade de perda de mandato de Rodrigues pela tentativa de esconder R$ 33 mil em espécie na cueca durante operação da Polícia Federal na casa do parlamentar, em Boa Vista, no último dia 14. A PF apura suposto desvio de recursos públicos que iriam para o combate à covid-19 em Roraima, estado que tem o pior desempenho no combate à pandemia.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso se antecipou à decisão dos senadores e afastou o parlamentar das atividades por 90 dias, na semana passada. O suplente do senador, entretanto, é o seu próprio filho, Pedro Arthur, também filiado ao DEM.

O plenário da Corte deve decidir se mantém a ordem de Barroso nesta quarta-feira, 21. Caso a maioria concorde com o ministro, o afastamento ainda precisará ser confirmado pelo Senado. Enquanto isso, fica na fila de espera do Conselho de Ética a representação protocolada na última sexta-feira, 16, pelos partidos Rede Sustentabilidade e Cidadania, com o objetivo de cassar o mandato de Rodrigues. No documento, as legendas o acusam de quebra de decoro parlamentar, ao "obstruir investigação e diligência policial e ocultar valores em partes íntimas”.

O maior obstáculo para a votação do requerimento é que o Conselho está parado desde março, devido à pandemia do coronavírus, assim como outras comissões. Ou seja, o pedido só deve ser avaliado quando o grupo voltar a se reunir. Nas atuais circunstâncias, Campos acredita que o ideal é que Rodrigues se afaste do Congresso e se dedique à defesa.

Se eu fosse ele, eu pediria uma licença por 121 dias para não ter nenhuma dúvida de que ele quer, de fato, esclarecer a verdade

Jayme Campos (DEM-MT), presidente do Conselho de Ética do Senado

Campos negou a possibilidade de que o afastamento seja votado de forma remota, como têm sido feitas as sessões plenárias desde o início da pandemia. Um dos impedimentos, nesse caso, é que o regimento interno do Senado estabelece que representações contra parlamentares devem ser decididas em votações secretas, mas o sistema adaptado para as sessões remotas permite apenas votações abertas.

Além disso, segundo o presidente do Conselho de Ética, "é humanamente impossível" votar de forma remota as representações enviadas ao colegiado. "Você não pode, em hipótese alguma, votar remotamente uma matéria tão importante como a cassação ou possível cassação ou alguma pena que possa receber o senador Chico Rodrigues", afirmou o senador, ao sair da Residência Oficial do Senado.

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