Transparência: o entendimento é de que a confiança fica minada com a permanência do ministro na pasta (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 30 de maio de 2016 às 18h14.
Porto Alegre - Os chefes das Controladorias Regionais da União decidiram colocar o cargo à disposição após a polêmica envolvendo o novo ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira.
De acordo com o chefe da seccional do Rio Grande do Sul, Cláudio Moacir Marques Corrêa, o trabalho desempenhado depende da confiança adquirida junto a parceiros como a Polícia Federal e o Ministério Público.
O entendimento é de que esta confiança fica minada com a permanência do ministro na pasta.
"A questão principal é a confiança que a gente precisa ter para trabalhar com parcerias. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal são parceiros consagrados do nosso trabalho, e agora temos receio da interferência política nesse trabalho. Se não houver confiança desses parceiros, o trabalho fica prejudicado", disse Corrêa ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Em novas gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e exibidas neste domingo, 29, pela TV Globo, o ministro Fabiano Silveira faz críticas à Operação Lava Jato, além de orientar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre formas de enfrentar as investigações.
Corrêa explicou que os 26 chefes regionais resolveram entregar os cargos em conjunto. A decisão em bloco, segundo ele, foi tomada depois de manterem conversas ao longo do dia pelo WhattsApp.
A medida é uma forma de pressionar o governo do presidente em exercício, Michel Temer, a mudar o comando do Ministério da Transparência, antiga Controladoria Geral da União (CGU).
O Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon Sindical) também defendeu segunda-feira, 30, em nota divulgada à imprensa, a exoneração de Fabiano Silveira.
Segundo o sindicato, o ministro "demonstrou não preencher os requisitos de conduta para estar à frente de um órgão que zela pelo combate à corrupção".
Se o governo decidir pelo afastamento do ministro, os chefes regionais podem voltar atrás na decisão.
"Vamos aguardar até o final do dia e ver qual atitude tomar", disse Corrêa. Segundo ele, todos os chefes regionais são funcionários de carreira e cumprem mandato de chefia que pode durar até quatro anos.
Em agosto, Corrêa completa três anos na função. Ele está na Controladoria Regional da União no RS desde 1994.
Corrêa ainda comentou que, além dos chefes regionais, outros servidores com algum posto de gestão também estão colocando os cargos à disposição.
No Rio Grande do Sul, os quatro chefes de setor que estão abaixo de Corrêa tomaram esta decisão.