O chanceler brasileiro Luiz Alberto Figueiredo: segundo fonte, o chanceler permanecerá em Washington e as "conversações continuarão" (Evaristo Sa/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2013 às 07h27.
Washington - O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, se reuniu nesta quarta-feira com a assessora de Segurança Nacional da presidência americana, Susan Rice, para discutir as "tensões" entre Brasília e Washington.
Luiz Alberto Figueiredo e Rice mantiveram um encontro de pouco mais de uma hora, na Casa Branca, para discutir a evidente deterioração nas relações entre Brasil e Estados Unidos diante das denúncias de espionagem eletrônica contra altos funcionários brasileiros, por parte da Agência de Segurança Nacional americana (NSA).
Caitlin Hayden, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional (NSC), admitiu que as revelações sobre atividades de espionagem no Brasil geraram "tensões" entre os dois países.
Segundo a porta-voz, Rice disse a Figueiredo que o governo americano "entende que as recentes revelações da imprensa (...) tenham criado fortes tensões na relação bilateral com o Brasil".
"Os Estados Unidos estão comprometidos a trabalhar com o Brasil para atender estas preocupações", destacou a nota oficial sobre o encontro.
O chanceler brasileiro não fez declarações no final da reunião, mas uma fonte diplomática disse à AFP que Luiz Alberto Figueiredo permanecerá em Washington e que as "conversações continuarão", sem dar mais detalhes.
Há duas semanas, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, esteve em Washington para tratar da mesma questão e foi recebido pelo vice-presidente americano, Joe Biden.
Há uma semana, durante a reunião do G20 em São Petersburgo, o presidente americano, Barack Obama, se comprometeu a dar uma resposta ao Brasil sobre as denúncias de espionagem, destacando que entendia e levava a sério as preocupações das autoridades brasileiras.
Dilma, que tem agendada uma visita de Estado no dia 23 de outubro a Washington, condicionou a viagem à apresentação pelo presidente americano de "medidas que respondam ao que o Brasil pediu".
A tensão bilateral subiu no início da semana, após a revelação de que entre os alvos da guerra americana contra o "terrorismo" - justificativa para os 'grampos' - estava a Petrobras.
Dilma reagiu à informação sobre a Petrobras afirmando que se "forem confirmados os fatos, ficará em evidência que a espionagem não é por segurança ou luta contra o terrorismo e sim que responde a interesses econômicos e estratégicos".
"Sem dúvida, a Petrobras não representa uma ameaça à segurança de qualquer país. Representa um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro", afirmou.
"Estas tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos", afirmou Dilma. "Tomaremos todas as medidas para proteger o país, o governo e suas empresas".
Há uma semana, a TV Globo denunciou que as comunicações da presidente brasileira e de vários assessores tinham sido espionadas por Washington.
No domingo, a Globo revelou que os Estados Unidos espionaram a Petrobras, com base em documentos vazado pelo ex-consultor de inteligência da Agência de Segurança Nacional americana (NSA), Edward Snowden.