Brasil

Chance de Dilma está "diminuindo a cada dia", diz Economist

Texto da edição impressa foi antecipado no site da revista com o título "Tick Tock", em referência aos tiques de um relógio

A presidente Dilma Rousseff (Mario Tama/Getty Images)

A presidente Dilma Rousseff (Mario Tama/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de março de 2016 às 12h59.

Última atualização em 1 de agosto de 2017 às 15h02.

São Paulo – Em reportagem da edição impressa do próximo dia 26 de março, a revista The Economist diz que as chances de a presidente Dilma Rousseff se manter no cargo estão "diminuindo a cada dia" pela velocidade de eventos que minam seu poder que acontecem na política brasileira.

O texto foi antecipado no site da Economist com o título "Tick Tock", em referência aos tiques de um relógio.

Segundo a revista, o mandato de Dilma resiste a um processo de impeachment já aberto na Câmara, enquanto recebe bombardeios por novas provas na Operação Lava Jato, como a delação do senador Delcídio do Amaral e a fatídica conversa sobre o termo de posse divulgada pelo grampo telefônico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedido por Sergio Moro.

"Enquanto deputados votam [no processo de impeachment], cerca de 300 mil simpatizantes do PT tomam as ruas em manifestação, em apoio a seus líderes em apuros", diz a revista. "Antes das multidões estarem dispersas, a nomeação de Lula como ministro foi bloqueada por um ministro da Suprema Corte."

A Economist lembra que o país está sofrendo sua pior recessão desde a década de 1930, mas, ainda assim, está num ritmo de reviravoltas políticas descontrolado. Os eventos de 16 a 18 de março fazem parte do que está deixando o país "irritado e perplexo".

"Assim terminaram as mais agitadas e estranhas 72 horas da história recente do Brasil", diz. "Elas deixaram a presidente enfraquecida, de forma possivelmente fatal, a reputação de seu antecessor, antes reverenciado, em farrapos, e do juiz que conduz a investigação na Petrobras, Sérgio Moro, danificada também."

A revista inglesa, como de costume, elenca os índices econômicos degradados e projeta um cenário com o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), no poder. A Economist sugere que o político poderia trazer um Ministro da Fazenda mais forte, com capacidade de "empurrar medidas de emergência", como impostos sobre as transações financeiras (um exemplo é a CPMF), para reduzir o déficit orçamentário.

"A maioria dos brasileiros não compartilham este entusiasmo . Apenas um em cada seis pensa que um governo liderado pelo Sr. Temer seria bom", lembra a revista em referência a última pesquisa Datafolha. "Isso é compreensível. Seis deputados do PMDB estão sendo investigados no caso da Petrobras, incluindo o o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha."

"Se Dilma vai ou fica, estes podem permanecer no cargo até depois de uma eleição em 2018. A renovação que os brasileiros anseiam está a anos de distância."

PEDIU A RENÚNCIA

Na mesma edição em questão, a revista britânica defende, em editorial, que é hora de a presidente Dilma deixar o cargo.

Segundo o texto, a escolha do ex-presidente Lula para a Casa Civil foi uma "tentativa grosseira de impedir o curso da Justiça". A publicação diz que a troca na Presidência da República abriria caminho para um "novo começo" no Brasil. (Leia aqui em inglês)

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffEconomistasEmpresasGoverno DilmaImpeachmentOperação Lava JatoPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresRevistasThe Economist

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022