Brasil

Cerveró muda versões sobre Lula e Dilma em delação

Citações sobre Dilma em depoimento acerca da compra de Pasadena somem na delação premiada de Cerveró, que antes tinha ligado a presidente à aquisição


	Ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró: segundo jornal, ele mudou teor de relato em delação premiada
 (Wilson Dias/Agência Brasil)

Ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró: segundo jornal, ele mudou teor de relato em delação premiada (Wilson Dias/Agência Brasil)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 14 de janeiro de 2016 às 14h42.

São Paulo – Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras, alterou o teor de seus relatos em depoimento prestado à Procuradoria Geral da República sob acordo de delação premiada fechado com a força-tarefa da Operação Lava Jato.

De acordo com informações do jornal Valor Econômico, o ex-diretor da estatal apresentou uma versão no resumo sobre o que tinha para revelar apresentado durante as negociações para fechar a delação, mas teria contado outras histórias no depoimento oficial – que corre em segredo de Justiça.

Por exemplo, enquanto negociava o acordo, Cerveró disse que 4 milhões de dólares em propina teriam sido repassados pela Odebrecht para a campanha à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2004. Segundo o delator, o dinheiro teria sido desviado da obra de Renovação do Parque de Refino (Revamp) da refinaria de Pasadena, no Texas.

No depoimento de delação premiada, contudo, exclui a Odebrecht do pagamento de caixa 2 à campanha. No lugar, afirma que a UTC foi a fonte para a suposta propina e que o destino dos recursos, repassados à campanha de 2006, teriam sido decididos pelo senador Delcídio do Amaral (PT), preso em novembro passado por tentar atrapalhar as investigações da Lava Jato.

Já as três citações que ele fez sobre Dilma Rousseff na prévia da delação sobre ao compra da refinaria de Pasadena sumiram nos depoimentos oficiais.

No resumo, o ex-diretor da Petrobras afirma que a presidente o teria incentivado para “acelerar as tratativas sobre Pasadena” e que ela “sempre esteve a par de tudo que ocorreu na compra” da refinaria. Cerveró ainda afirmou que Delcídio era próximo de Dilma e que teria participado de reuniões entre ele e a presidente sobre a aquisição.

Nada disso, contudo, aparece nos documentos obtidos pelo Valor que trata dos depoimentos. 

Ao Valor, o Instituto Lula disse que o assunto deve ser tratado com o tesoureiro responsável pela campanha de Lula em 2006 ou pelo partido. Já o Palácio do Planalto afirmou que a compra de Pasadena foi autorizada com base em resumo executivo elaborado por Cerveró "técnica e juridicamente falho". A UTC Engenharia, por sua vez,  disse que "nunca foi contratada e não executou obras na refinaria de Pasadena, Texas (EUA)". 

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoDelcídio do AmaralDilma RousseffEscândalosFraudesLuiz Inácio Lula da SilvaOperação Lava JatoPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresUTC

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022