Nestor Ceveró: “refinaria tinha, tem e continua processando. Ela processa [hoje] 100 mil barris por dia de petroleo leve no mercado americano”, disse ex-diretor da Área Internacional da estatal (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2014 às 13h47.
Brasília - O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, garantiu hoje (16) a deputados federais que a refinaria de Pasadena mantém capacidade de processar uma grande quantidade de petróleo por dia como ocorria quando o empreendimento foi comprado pela Petrobras em sociedade com o grupo belga Astra Oil, em 2006.
O projeto original, disse Cerveró, demandava US$ 1,1 bilhão em investimentos com taxa de retorno de investimento em 10,7% para ter uma capacidade atual de processo. “A refinaria tinha, tem e continua processando. Ela processa [hoje] 100 mil barris por dia de petroleo leve no mercado americano”, disse.
Mas, em estudos aos quais a Astra também teve acesso, chegou-se à conclusão de que “com um investimento de US$ 2,3 bilhões, a capacidade de processamento dobraria para 200 mil barris/dia tendo uma taxa de retorno em 18,1%”, acrescentou.
A Astra, segundo ele, tem como característica a comercialização, que não requer tantos investimentos, como a Petrobras está habituada a fazer. Por isso, disse o ex-diretor, chegou-se à conclusão de que não dava para continuar a parceria. “Em setembro de 2007, com essa situação, iniciamos negociação para a compra dos 50% restantes, após conhecermos o valor de retorno [18,1%]. Em reunião interna, a diretoria fez proposta de US$ 550 milhões, mas a Astra, conhecedora do projeto de ampliação, pede US$ 1 bilhão. Fizemos então proposta final de US$ 700 milhões”, explicou o ex-diretor.
Cerveró, que está respondendo a questionamentos dos parlamentares sobre o negócio em uma audiência conjunta de três comissões da Casa, sinalizou que a aquisiçao foi um bom negócio como já vem sendo reforçado pelo ex-presidente da estatal, Sérgio Gabrielli, em linha contrária à da atual presidente da empresa, Graça Foster.
Diante de denúncias de falhas no relatório que embasou a aquisição da refinaria e dos valores pagos pela estatal brasileira no negócio, a escolha do empreendimento no Texas também passou a ser questionada. Nas últimas declarações dadas à imprensa, Gabrielli alega que houve redução da produção de Pasadena em um período em que vários países foram afetados pela crise financeira internacional.
Nestor Cerveró lembrou que o plano estratégico da empresa do ano de 2000, projetando um cenário para 2005, apontava a expansão do refino de petróleo para outros países e Pasadena surgiu como alternativa principalmente por ser sediada nos Estados Unidos, um dos maiores consumidores de barris de petróleo do mundo.