Jair Bolsonaro: serão convidadas 2 mil pessoas para a solenidade, entre parlamentares, políticos e nomes designados pela equipe do presidente eleito (YouTube/Reprodução)
Agência Brasil
Publicado em 1 de novembro de 2018 às 17h09.
Pela primeira vez na história, a cerimônia de posse, em 1º de janeiro de 2019, de um presidente da República poderá ter um culto ecumênico. O pedido foi feito por interlocutores do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) aos organizadores da solenidade. Os detalhes, como horário, local, esquema de segurança e nomes dos líderes religiosos que participarão, estão sendo estudados.
Só para a solenidade da posse no Congresso Nacional serão convidados 2 mil pessoas, entre parlamentares, políticos e nomes designados pela equipe do presidente eleito.
Coordenadora do grupo de trabalho para a posse no Congresso e diretora de Relações Públicas do Senado, Maria Cristina Monteiro, lembrou à Agência Brasil que, em 1995, quando o então presidente eleito Fernando Henrique Cardoso tomou posse, houve uma missa.
"No primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso houve uma missa", disse Maria Cristina Monteiro. "Depois, nunca mais."
Com o slogan Brasil acima de tudo e Deus acima de todos, Bolsonaro evidenciou o peso da religião para ele. Após a confirmação de sua vitória, o senador Magno Malta (PR-ES), que é pastor e cantor gospel, fez uma oração de agradecimento.
Se confirmado o culto ecumênico, pelo menos um padre, um pastor e um rabino devem integrar a celebração. A Catedral de Brasília, cartão-postal da cidade e localizada na Esplanada dos Ministérios, é o local apontado como mais apropriado para a cerimônia religiosa.
Para que governadores de estados, que tomam posse no mesmo dia, presidentes da República estrangeiros e primeiros-ministros consigam estar presentes, o ideal é que ocorra à tarde, como de praxe. A posse de Dilma Rousseff em 2015, por exemplo, foi marcada para as 15h.
Muito antes de o país conhecer seu novo mandatário começa a organização da posse dividida entre os cerimoniais do Executivo - comandado pelo Itamaraty - e do Legislativo. Um grupo de trabalho começou a se reunir para tratar do evento em março.
O rito cerimônia está previsto em um decreto de 1972. A norma não prevê nenhum tipo de celebração religiosa. Tradicionalmente, em frente à Catedral de Brasília, presidente e vice apenas se encontram para iniciar o desfile pela Esplanada dos Ministérios até o primeiro ponto de parada, o Congresso Nacional.
Na posse de Bolsonaro, especialmente por causa do atentado sofrido por ele durante a campanha, a segurança será de longe a principal preocupação do cerimonial e dos órgãos envolvidos no evento. Por isso ainda há dúvidas sobre a definição se o deslocamento do presidente eleito e da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, será no Rolls Royce, da década de 1950, utilizado por vários presidentes.
Caso a opção seja um carro aberto, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, deverá vir logo atrás também em carro conversível. Qualquer que seja a escolha, eles serão escoltados por batedores e por Dragões da Independência.
Além da questão de segurança, o fator meteorológico também é decisivo. Dois roteiros são montados, um para sol, outro para chuva - bastante comum nessa data em Brasília. No roteiro com sol também está prevista uma exibição da Esquadrilha da Fumaça.
A lista de convidados, segunda maior preocupação da equipe, é complexa e extensa. Entre os que terão o privilégio de acompanhar a cerimônia de posse dentro Congresso, estão os novos governadores de estado, ministros de tribunais superiores, os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, parlamentares que terminam o mandato em 31 de janeiro de 2019 e os que foram eleitos em outubro, além de chefes de Estado.
A expectativa é de que 60 delegações estrangeiras prestigiem Bolsonaro. Diante de uma lista tão grande e do espaço limitado, o cerimonial deverá adotar uma regra clara: "convites são individuais e intransferíveis". Além dos convidados oficiais, cerca de 500 jornalistas e 300 funcionários do Congresso deverão trabalhar diretamente na solenidade de posse.
A Agência Brasil apurou que, para ganhar tempo, mesmo sem a definição do horário, os envelopes com os nomes dos convidados e os hologramas que darão acesso à cerimônia estão sendo impressos.
"A apresentação do convite individual é indispensável. Aqui no Congresso, ao chegarem, os convidados receberão um código com um holograma, que definirá, qual espaço cada um poderá acessar na cerimônia", disse Maria Cristina Monteiro.
Os convidados terão lugares específicos para ocupar, como o Salão Nobre do Senado, o Salão Verde, o Plenário e suas galerias. Apenas presidentes estrangeiros e primeiros-ministros receberão hologramas (espécie de credencial) antecipadamente e estão dispensados de passar pelos detectores de metal.
No convite, há a solicitação para confirmação antecipada e orientações sobre como se vestir para o dia da posse. Os homens civis devem usar terno e gravata para os homens, se militares deverão vestir o uniforme. As mulheres deverão usar vestido longo ou farda, se forem militares. A recomendação é que cheguem com 45 minutos de antecedência.
No Congresso Nacional, o presidente eleito e o vice-presidente assinam o termo de posse. É lá que Bolsonaro fará seu primeiro discurso já como chefe do Poder Executivo do país. Na sequência, ambos seguem para a cerimônia de transmissão da faixa presidencial na rampa ou no parlatório do Palácio do Planalto.
Ainda no Planalto, Bolsonaro e Mourão recebem, no famoso "beija-mão", os cumprimentos de autoridades e chefes de Estado. O novo presidente então dará posse aos seus ministros. O último evento do dia é uma recepção com banquete no Palácio do Itamaraty.