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Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2014 às 12h51.
Rio de Janeiro - O Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), do Ministério da Saúde, fez hoje (11) a avaliação clínica desportiva de 40 atletas com idades entre 14 anos e 17 anos, de comunidades carentes da cidade do Rio de Janeiro, que integram as seleções sub15 e sub17 da Escola Zico 10.
O projeto social é desenvolvido pelo ex-jogador da Seleção Brasileira de Futebol, Arthur Antunes Coimbra, o Zico. O atendimento médico especializado prestado no Centro de Medicina Esportiva do Into, que será referência nas Olimpíadas de 2016, resultou de parceria firmada com a instituição em junho passado.
Para Luiz da Costa Sobrinho, pai de Marcelo Henrique, de 15 anos, morador em Gardênia Azul, Jacarepaguá, o atendimento médico foi 100%. "Os meninos estão gostando demais. Estão fazendo um check-up completo. Está abrangendo todos os fatores e favorecendo todo mundo”, destacou. Marcelo Henrique entrou há dois meses para a seleção sub15 da Escola Zico 10 e não vê a hora de viajar. Seu pai está confiante em que ele poderá se destacar e participar das Olimpíadas, em 2016. “Tenho esperança. Ele joga bem, se movimenta. Ele tem um futebol muito bom”, disse à Agência Brasil.
A pediatra Germana Bahr, coordenadora de Planejamento do Into, informou que foi feito atendimento multidisciplinar com ortopedista, pediatra, enfermeiro, nutricionista e assistente social. “A ideia é analisar esses dados todos para dar orientações sobre o que podem fazer para melhorar, principalmente em nutrição, que a gente viu que é o que mais impacta”, explicou. Dentro de 15 dias será entregue um relatório a Zico, com análise dos exames e recomendações. “No fundo, a gente quer melhorar os nossos atletas. É o que a gente vai ver depois, na Olimpíada, na próxima Copa [2018]. São esses meninos que vão estar jogando”, acredita.
O Into pretende atender outros atletas em formação, não só da Escola Zico 10, mas de outros programas sociais que têm o esporte como instrumento de inclusão social. Um dos programas já visitados é o Gol de Letra, do ex- jogador Raí, campeão da Copa de 1994. “Esse atendimento foi um piloto, que a gente vai replicar, sim. A gente pretende ser um hospital olímpico”, disse a pediatra. O Centro de Medicina Esportiva vai atender também outras modalidades esportivas.
Como o Into é também um instituto, ele tem projeto de fazer prevenção e repassar informações para que os atletas melhorem. Na avaliação da especialista, falta educação em saúde no Brasil, e “a gente está querendo ensinar e saber como eles [atletas em formação] estão também”. É intenção do Into dar atendimento médico a crianças menores, porque “essa é a base que pode fazer diferença depois”, salientou, lembrando que esse tipo de projeto foi desenvolvido pela Alemanha, e resultou na seleção vitoriosa da Copa 2014.
Ela disse que ainda não está fechado se o Into vai coordenar o atendimento médico dos atletas que vão disputar as Olimpíadas. Uma dificuldade para isso é o fato de o Into não ter todas as especialidades médicas, apesar de ter um centro de tratamento intensivo (CTI) bem equipado, estar dotado de heliponto - que facilita o transporte de pacientes - e ter quadro médico de excelência. “A gente teria que fazer adaptação para atender a todo tipo de ocorrência”, comentou. O hospital já recebeu visitas de representantes do Comitê Olímpico Internacional (COI) e do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Germana não descartou, entretanto, a possibilidade de o Into firmar parceria com outro instituto para poder dar atendimento global.
Germana lembrou a experiência adquirida pelo Into durante as Olimpíadas de Londres, em 2012, quando especialistas do hospital davam opiniões, por meio de videoconferências, sobre problemas ortopédicos ocorridos na capital inglesa durante os jogos. “Acho que vale a pena usar essa expertise dos médicos do Into que atendem a problemas do quadril, do joelho e da coluna”, ressaltou.
O coordenador técnico do projeto Zico 10, Fernando Vannucci, informou que a parceria com o Into permitirá que os meninos e adolescentes tenham atendimento médico e avaliação. Entre 50 e 100 alunos se revezam por semana no treino da seleção, cuja base são 40 alunos, que normalmente viajam, disputam torneios. Esse foi o grupo avaliado no Centro de Medicina Esportiva do Into. O projeto atende, porém, atletas desde a seleção sub7. O foco do projeto é social, de formação de cidadãos, tirando as crianças das ruas por meio do esporte, em todo o Brasil. Vannucci admitiu que se algum jogador se destacar para disputar as Olimpíadas, ele terá todo apoio do projeto. “Quando os atletas despontam, a gente abre as portas para que tenham oportunidade", completou.