Ciro também fez menção à crise de "diversas caras" que o País atravessa nos últimos anos (Paulo Whitaker/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de julho de 2018 às 22h07.
Última atualização em 19 de julho de 2018 às 22h46.
Brasília - Após ver o "Centrão" recuar de um possível apoio para sua campanha, o pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, "reconheceu" nesta quinta-feira, 19, que "comete alguns erros", mas disse que quem quiser ajudá-lo terá que saber que seu governo "servirá aos mais pobres". Além disso, Ciro acenou aos partidos de esquerda ao defender que a paz no País só será restaurada com a "liberdade" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Não vou atravessar esse campo minado, consertar as coisas e trazer de volta as riquezas para a nação brasileira sozinho. Não tenho esse poder, preciso sinalizar a todos os brasileiros de boa-fé que não sou o dono da verdade, eu cometo erros. Não me custa nada reconhecer isso, mas nenhum deles foi por deserção", afirmou. "Quem quiser, quem puder me ajudar, será muito bem-vindo, mas saibam daquela porta para fora que este governo que eu liderar servirá aos mais pobres e trabalhadores", complementou.
Até a semana passada, Ciro tinha mais força e a preferência de pelo menos dois presidentes dos partidos do bloco formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade. Porém, recentes declarações polêmicas de Ciro provocaram desgaste e receio nos partidos, como um xingamento a uma promotora de Justiça, na ação movida por injúria racial em declaração crítica ao vereador paulistano Fernando Holiday, do DEM. Além disso, há resistência a propostas econômicas do pedetista, como mostrou reportagem do jornal O Estado de S. Paulo na edição desta quinta-feira.
Como mantém negociações avançadas com PSB e PCdoB, Ciro Gomes aproveitou para fazer uma aceno à esquerda, ao condenar o que chamou de "aberração" por parte do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) ao julgar um pedido de habeas corpus em nome do ex-presidente Lula. "Aquele domingo último foi uma das coisas mais assustadas que assisti. Como pode num domingo só tanta aberração lidando com coisas graves como a liberdade do maior líder popular do País", complementou.
Na sequência, o pré-candidato condenou o "mau exemplo" da política brasileira e do Judiciário. "Olhando para a política o que vem todo só vem o mau exemplo, a roubalheira e o verdadeiro caos institucional. É procurador fazendo política, juiz fazendo política, invadindo as atribuições uns dos outros", disse.
Ciro ainda fez menção à carta que enviou às empresas Embraer e Boeing solicitando "a suspensão das tratativas de compra da empresa brasileira pela americana". O documento teria sido um dos fatores que assustaram os líderes e dirigentes do 'Centrão', o que resultou no recuo da formalização da aliança.
"Aceitei o desafio com essa experiência toda já, governador, prefeito, ministro... eu tenho muito experiência para saber o que me espera. Quando eu escrevo uma carta suplicando respeito ao Brasil, não duvidem: a violência e a prepotência do capitalismo estrangeiro está aqui dentro", disse ao arrancar palmas de uma plateia formada por sindicalistas.
Por fim, Ciro também fez menção à crise de "diversas caras" que o País atravessa nos últimos anos, citando como exemplo a volta do crescimento da mortalidade infantil no Brasil e os 64,5 mil assassinatos registrados no último ano. Segundo o pré-candidato, a crise brasileira se equivale hoje à crise de 1929.
O discurso foi feito na sede do PDT, em Brasília, quando recebeu documento assinado por diversas centrais sindicais, com exigências para seu programa de governo. Na noite desta quinta, ele se reúne com um grupo do PDT Mulher.