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Censo 2022: na cidade mais indígena do país, 19 em 20 pessoas pertencem a povos tradicionais

Localizado em Roraima, na tríplice fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana, Uiramutã tem 96,6% de indígenas

Localizado em Roraima, na tríplice fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana, Uiramutã tem 96,6% de indígenas (Edinaldo Morais/Governo de Roraima)

Localizado em Roraima, na tríplice fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana, Uiramutã tem 96,6% de indígenas (Edinaldo Morais/Governo de Roraima)

Agência o Globo
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Publicado em 22 de dezembro de 2023 às 10h36.

Última atualização em 22 de dezembro de 2023 às 11h05.

Localizado em Roraima, na tríplice fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana, Uiramutã é o município com o maior percentual de pessoas indígenas do país (96,6%), segundo dados do Censo Demográfico divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (22). Na pesquisa divulgada em outubro, a região também foi apontada como a cidade com menor índice de envelhecimento e menor idade mediana do Brasil.

De acordo com o IBGE, dos 13.751 habitantes de Uiramutã, 13.283 são pertencentes a povos tradicionais. Outras 573 pessoas se autodeclaram pardas, 156 brancas, 51 pretas e apenas três moradores afirmam ser amarelos.

Na cidade, metade da população tem 15 anos ou menos. Esta é a idade mediana do município. A cidade também é o município mais indígena do país, ou seja, com maior parcela da população se autodeclarando indígena.

O IBGE utiliza o conceito de “raça” como uma categoria socialmente construída na interação social e não como um conceito biológico. Na pesquisa, cada pessoa responde ao IBGE a sua percepção sobre a cor ou raça a que pertence, baseado em critérios como origem familiar, cor da pele, traços físicos, etnia e pertencimento comunitário, entre outros. Além disso, o instituto afirma que essas cinco categorias estabelecidas na investigação (branca, preta, amarela, parda e indígena) também podem ser entendidas pelo informante de forma variável.

No entanto, o manual de entrevista do Censo conceitua cada uma das categorias. A pessoa parda, por exemplo, é definida como aquela "que se declarar parda ou que se identifique com mistura de duas ou mais opções de cor ou raça, incluindo branca, preta, parda e indígena". Já a amarela é definida como "pessoa de origem oriental: japonesa, chinesa, coreana etc".

Falta de acesso à saúde

Com uma área territorial de 8.113,598 km², a cidade fica a 280 km da capital Boa Vista, e é a décima mais populosa entre os 15 municípios do estado.

De acordo com o professor da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Hernane Guimarães dos Santos Junior, que pesquisa saúde indígena, a maior parte dos povos indígenas tem baixo índice de longevidade por falta de acesso à saúde de qualidade. A contaminação ambiental e as disputas territoriais geradas pelo garimpo e pelo agronegócio também impactam diretamente na expectativa de vida dessa população.

— Desde o nascimento até quando conseguem chegar na fase idosa, a população indígena sofre com a precariedade de acesso à saúde. Os povos que vivem mais isolados têm a situação piorada pela dificuldade de ter acesso a vacinas, medicamentos e atendimentos. O estado de Roraima, em especial, tem grande impacto das disputas territoriais, fator que torna ainda mais vulnerável a saúde indígena — explica o pesquisador.

De acordo com a prefeitura, Uiramutã é considerado um dos principais municípios de Roraima quando se trata de potencial para o turismo. Por isso, o etnoturismo é característico do local, que consiste em apresentar aos turistas a vida, os costumes e a cultura de um determinado povo, especialmente povos indígenas.

Segundo o Censo do IBGE, entre os 13,7 mil habitantes, 2.541 são crianças com idades de 0 a 4 anos, 2.292 têm de 5 a 9 anos e 1.942 pessoas tem idades de 10 a 14 anos. Apenas dois moradores tem 100 anos.

A Terra Indígena Raposa Serra do Sol engloba a maior parte da área de Uiramutã. Na região, habitam os povos indígenas Ingarikó, Macuxi, Patamona, Taurepang e Wapichana.

Amazonas tem duas das cidades mais indígenas

Depois de Uiramutã, as outras duas cidades com maior percentual de população indígena são Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, ambas no Amazonas. Nesses municípios, 96,2% e 93,2% dos habitantes, respectivamente, se autodeclaram como pertencentes a povos tradicionais.

DADOS CENSO 2022 SOBRE COR E RAÇA:

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