Pesquisa foi realizada com 20% dos hospitais privados (76 unidades), dos 17 Departamentos Regionais de Saúde (Diego Vara/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 07h27.
A taxa média de ocupação dos leitos de UTI para covid-19 é de 84% nos hospitais privados, segundo o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp). Para especialistas, o aumento de internações é reflexo da piora da pandemia.
Segundo levantamento divulgado ontem, houve crescimento nas internações pela doença em 79% dos hospitais na rede particular. Os dados são de uma pesquisa com 20% dos hospitais privados (76 unidades), dos 17 Departamentos Regionais de Saúde. "Percebe-se que houve aumento de ocupação, tanto nos leitos de internação normais quanto nos de UTI", diz Francisco Balestrin, presidens dias 23 e 26te do SindHosp. A amostra do levantamento, segundo ele, é representativa e reúne 20% dos 383 hospitais do Estado. Segundo Balestrin, os 76 hospitais que participaram do levantamento têm, juntos, 7.760 leitos, dos quais 1.777 são de UTI. "Desses, 40% são os leitos que os hospitais colocam à disposição da covid-19. É nesse grupo que encontramos 84% de ocupação."
Os dados foram coletados entre 23 e 26 de novembro e, de acordo com a entidade, o aumento de unidades que relataram incremento nas internações foi em relação ao período de 16 a 19 de novembro quando 44,5% dos hospitais registraram crescimento. Segundo a pesquisa, 65% dos hospitais estão mantendo procedimentos eletivos, incluindo cirurgias. O objetivo é evitar o agravamento de doenças crônicas, como câncer e doenças cardiovasculares. No dia 19, o governo estadual recomendou o cancelamento de cirurgias eletivas, para evitar a sobrecarga do sistema.
Espaço para outros
O levantamento mostrou ainda que 67% dos hospitais consultados afirmaram que têm capacidade de aumentar o número de leitos para o novo coronavírus, caso seja necessário. "Mas, na realidade, a gente precisa de espaço para atender os outros pacientes."
O presidente do SindHosp diz que a população e os governos municipais e estadual precisam trabalhar para evitar que mais pessoas sejam infectadas. "Os casos não podem aumentar alucinadamente. Houve afrouxamento, que não deveria ter acontecido, com baladas clandestinas, pancadões, restaurantes lotados, festas de aniversário e de casamento."
Na rede pública, menos da metade das vagas está disponível; na capital, a ocupação em UTI nos hospitais municipais é de 50%. "A situação em internações e casos equivale à de setembro e outubro quando começamos a ter estabilização, mas com números mais altos", admitiu a secretária Patrícia Ellen.