(Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados/Agência Câmara)
Agência de notícias
Publicado em 28 de agosto de 2024 às 07h05.
A deputada Jack Rocha (PT-ES) vai apresentar ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, 28, o seu parecer final em relação à possibilidade de perda de mandato de Chiquinho Brazão (sem partido).
Ele é acusado de ser um dos supostos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018, e a tendência é de que o relatório oriente a cassação do parlamentar. Jack Rocha tem histórico de manifestações contra Brazão.
No início de abril, a Câmara dos Deputados decidiu manter a prisão do deputado. A votação passou por uma margem apertada. Associado à milícia por investigadores, o parlamentar foi derrotado pelos colegas em plenário, mas conseguiu angariar apoio expressivo de partidos do Centrão e da oposição.
Sobre o episódio, Jack Rocha se posicionou publicando fotos e textos nas redes sociais afirmando que a demora em se pronunciar sobre o tema estaria “manchando a imagem da Câmara Federal”. Na sessão de votação sobre o tema na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Jack apareceu segurando um cartaz com os dizeres: "Brazão na prisão!".
Em função disso, a defesa de Brazão pediu ao presidente da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, Leur Lomanto Júnior (União-BA), que realizasse um novo sorteio para definição da relatoria do processo e alegou que Jack Rocha já havia demonstrado sua posição acerca do assunto, o que comprometeria a imparcialidade e o direito de defesa.
“Veja-se, bem assim, que a Deputada Relatora externalizou posicionamento muito claro e deixou transparecer não apenas a sua inclinação à cassação do Postulante, como também a necessidade de que isso se dê celeremente. Não se trata, portanto, de mero comprometimento ideológico-partidário, mas de prévia disposição a cassar o mandato conferido ao Postulante, o que lhe retira a imparcialidade necessária para relatar o caso”, escreveu o advogado Cleber Lopes, na representação.
Além deles, também foi alvo de um mandado de prisão preventiva o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa. Segundo as investigações, ao delegado caberia garantir uma espécie de imunidade aos envolvidos, ou seja, de alguma forma o inquérito que se sucederia não poderia chegar nos responsáveis pela empreitada criminosa.
Em um acordo de delação premiada firmado com a PF e a Procuradoria-Geral da República (PRG), o ex-policial militar Ronnie Lessa relatou que, no segundo trimestre de 2017, Chiquinho, então vereador da capital fluminense, demonstrou "descontrolada reação" à atuação de Marielle para "apertada votação do projeto de Lei à Câmara número 174/2016".
Com o projeto, ele e o irmão buscariam a regularização de um condomínio inteiro na região de Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade, sem respeitar o critério de área de interesse social, visando obter o título de propriedade para especulação imobiliária.
O ex-PM está preso desde 2019 sob a acusação de ser o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson, em março de 2018, na Região Central do Rio de Janeiro.