BOLSONARO E SEU FILHO FLÁVIO: para Mourão, caso “não tem nada a ver” com o governo / REUTERS/Adriano Machado
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2019 às 06h14.
Última atualização em 21 de janeiro de 2019 às 06h32.
As investigações sobre movimentações financeiras atípicas do senador eleito pelo Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro (PSL) e seu ex-assessor Fabrício Queiroz esfriarão a lua de mel do mercado financeiro com o novo governo? O receio de analistas e investidores é que os desdobramentos dos inquéritos tornem mais difícil a aprovação da reforma da Previdência. Desde o dia primeiro de janeiro o índice Ibovespa valorizou 5,5%.
O valor transacionado em uma das contas Queiroz, ao longo de três anos, pode ter sido de R$ 7 milhões, de acordo com o jornal O Globo com informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O órgão vinculado ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública identificou que, além dos 1,2 milhão de reais movimentados entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, outros 5,8 milhões passaram pela conta do ex-motorista entre 2014 e 2015. Nesse período, Queiroz trabalhava no gabinete de Flávio Bolsonaro (na época, deputado estadual) e recebia 23.000 reais.
“A dúvida é saber se o Jair Bolsonaro conseguirá se desvencilhar do filho. Ainda não é uma crise do governo, mas pode vir a ser”, diz o cientista político Sérgio Praça, professor da FGV e colunista de EXAME. Segundo a Folha, o PT já articula a criação de uma CPI para aumentar a pressão política sobre o caso. O vice e atual presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse ontem que o caso “não tem nada a ver” com o governo.
Flávio Bolsonaro também aparece em um relatório do Coaf por ter pago um título bancário de quase 1,02 milhão de reais, emitido pela Caixa Econômica Federal, sem indicar o favorecido, de acordo com reportagem da TV Globo, no sábado. A notícia veio um dia depois de outros trechos do relatório virem a público, mostrando que o senador eleito recebeu 48 depósitos em dinheiro, totalizando 96.000 reais entre junho e julho de 2017. Os depósitos foram feitos em uma mesma agência bancária na Assembleia do Rio de Janeiro. De acordo com reportagem do Jornal Nacional, o Ministério Público do Rio pediu o levantamento ao Coaf por suspeitar de que servidores repassavam para os políticos parte de seus salários.
Em entrevistas concedidas ontem à Record e à Rede TV, Flávio afirmou que a compra de um apartamento é a explicação para as movimentações “atípicas em suas contas”, incluindo os depósitos de 2 mil reais que ele teria feito para si próprio. Na quinta-feira (17), Flávio Bolsonaro obteve a suspensão da investigação sobre as movimentações financeiras de Queiroz no Supremo Tribunal Federal (STF). À Record TV, Flávio Bolsonaro disse que é contra o foro privilegiado, mas que escolheu ser julgado no Supremo.