A jornalista Patrícia Lélis (esq), que acusa Marco Feliciano de abuso sexual, ao lado de sua advogada, Joyce de Castro Paiva (Marcelo Ribeiro/EXAME.com)
Marcelo Ribeiro
Publicado em 13 de agosto de 2016 às 01h11.
Brasília – A Polícia Civil de São Paulo chegou a uma conclusão sobre o suposto sequestro da jornalista Patrícia Lélis, que também acusa o deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) de abuso sexual.
Segundo o delegado que acompanha o caso, a jovem não teria sido mantida em cárcere privado durante sua estadia em São Paulo. Por fazer uma suposta denúncia falsa, ela deve ser indiciada e até pode ser presa temporariamente, caso não responda ao pedido da polícia de viajar para a capital paulista para prestar depoimento.
Na sexta-feira passada, a jovem afirmou à polícia que o chefe de gabinete de Feliciano, Talma Bauer, a sequestrou e a manteve em cárcere privado para que ela fizesse vídeos desmentindo as acusações contra o deputado do PSC.
Em entrevista a EXAME.com, o delegado do 3º DP (Campos Elíseos) de São Paulo, Luiz Roberto Hellmeister, afirma que a denúncia é falsa. “A investigação sobre o suposto sequestro e cárcere privado está concluída", afirmou.
Patrícia é ainda suspeita de crime de extorsão, mas as investigações sobre o caso continuam em andamento.
Em vídeo, publicado na íntegra pelo blog Coluna Esplanada, Patrícia e Bauer aparecem supostamente negociando um suborno, entre R$ 10 mil e R$ 50 mil, para que ela mudasse a versão contra Feliciano.
Hellmeister afirma que já solicitou à defesa de Patrícia que a leve para São Paulo para que ela seja indiciada por denunciação caluniosa. Diante da resistência do advogado da jovem, José Carlos Carvalho, de conduzi-la para a capital paulista, Hellmeister afirma que pode pedir a prisão temporária da jornalista.
O delegado diz ainda que “se Patrícia for espontaneamente a São Paulo, não fará o pedido de prisão temporária”.
Segundo Hellmeister, Artur Mangabera, que teria sido intermediário para receber o dinheiro de Bauer pelo silêncio de Patrícia, será indiciado por extorsão.
A EXAME.com, o advogado de Patrícia afirmou que não levará a jornalista a São Paulo. Carvalho disse que a jovem “é despida de recursos para realizar a viagem”.
A pena para o crime de denunciação caluniosa é de reclusão de 2 a 8 anos e multa. Já para o crime de extorsão, a pena é de reclusão de 4 a 10 anos e multa.
Mas ela pode ser presa temporariamente?
De acordo com especialistas consultados por EXAME.com, o delegado tem poder para solicitar a prisão temporária de um suspeito, "porém esse seria um ato de arbitrariedade", segundo o escritório Galvão & Silva Advocacia. O escritório explica ainda que o envio de uma "carta precatória policial – que serviria como um comunicado da Justiça de São Paulo para a do Distrito Federal sobre o indiciamento da jovem – seria mais adequado".
E quanto a Marco Feliciano?
Vale lembrar que a investigação sobre o suposto assédio, agressão e tentativa de estupro dentro do apartamento funcional de Feliciano também continua em andamento na Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (DEAM), de Brasília. Em outros termos, mesmo que Patrícia seja considerada culpada por falsa comunicação de crime, esse fato não anularia a investigação sobre a violência sexual supostamente cometida pelo parlamentar.
Veja também: 10 questões sobre suposto estupro cometido por Feliciano
* Atualizado às 21h55 para alterar o título.