Amarildo da Costa de Oliveira, Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva Lima prestaram depoimento a Justiça Federal de Tabatinga, nesta segunda-feira (Redes Sociais/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 9 de maio de 2023 às 07h49.
Última atualização em 9 de maio de 2023 às 08h02.
Réus pelo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, Amarildo da Costa de Oliveira, Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva Lima prestaram depoimento a Justiça Federal de Tabatinga, nesta segunda-feira.
A audiência foi feita de forma remota, já que os réus encontram-se em presídio federeais no Paraná e Mato Grosso. Nos próximos dias, a Justiça Federal irá determinar se os acusados irão a Júri popular.
Amarildo de Oliveira, também conhecido como Pelado, admitiu mais uma vez sua participação no duplo homicídio, mas alegou se tratar de legítima defesa. Ele defendeu o irmão Oseney, também acusado no caso, e disse que ele não participou do crime. Oseney, vulgo "dos Santos", é apontado por testemunhas e pelo próprio "Pelado" e Jefferson, em seus depoimentos à polícia, como a terceira pessoa depois deles a chegar ao local do crime, onde participou da ocultação dos corpos.
Na sua vez de depor, Oseney negou mais uma vez seu envolvimento no crime. Ele disse que estava de carona em outro barco e avistou Jefferson e Pelado, tendo ficado sabendo do crime nesse momento. Ele diz ter optado por retornar a sua casa e não permanecer no local.
Já Jefferson da Silva Lima alegou que agiu em legítima defesa, em uma versão semelhante a dada por Pelado. Segundo essa versão, Bruno Pereira atirou primeiro contra o grupo. Em seus depoimentos à polícia, no entanto, "Pelado" e Jefferson afirmam que Bruno só teria atirado depois de ter sido atingido.
Questionado sobre atritos entre Amarildo e Bruno Pereira, Jefferson Lima disse que por conta da atuação do indigenista as pessoas da região deixaram de falar com os pescadores. Jefferson Lima alegou também que há informações em seu depoimento a Polícia Federal que não foram ditas por ele, segundo o G1.
Bruno e Dom foram assassinados a tiros quando voltavam de uma viagem pelo rio Itacoaí, no dia 5 de junho, após uma emboscada. Colômbia estava preso por conta de outro mandado de prisão, este por associação armada ligada a crimes ambientais, onde se investiga a sua relação com o crime brutal e a liderança de uma organização criminosa que usa a pesca ilegal na região para lavar dinheiro do narcotráfico na tríplice fronteira do Brasil com a Colômbia e o Peru.
O desaparecimento da dupla foi revelado pelo GLOBO e confirmado pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), região com a maior concentração de povos indígenas isolados do mundo, no dia 6 de junho. Bruno, que acompanhava o jornalista britânico, era alvo constante de ameaças pelo trabalho que vinha fazendo junto aos indígenas contra invasores na região, pescadores, garimpeiros e madeireiros.
A PF também investiga se um esquema de lavagem de dinheiro para o narcotráfico por meio da venda de peixes e animais pode estar relacionado ao desaparecimento da dupla.
O GLOBO apurou que apreensões de peixes que seriam usados no esquema foram feitas recentemente por Bruno Pereira, que acompanhava indígenas da Equipe de Vigilância da União dos Povos Indígenas do Javari (Unijava). As embarcações levavam toneladas de pirarucus, peixe mais valioso no mercado local e exportado para vários países, e de tracajás, espécie de tartaruga considerada uma especiaria e oferecida em restaurante sofisticados dentro e fora do país.
A ação de Bruno e da EVU contrariou o interesse de "Colômbia", que tem dupla nacionalidade brasileira e peruana. De acordo com a denúncia feita pelos indígenas, ele usa a venda dos animais para lavar o dinheiro do narcotráfico que atua no Peru e na Colômbia, que fazem fronteira com a região do Vale do Javari