O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho: "Fiz uma recomendação a essas estatais para que realizassem esses patrocínios" (Elza Fiuza/ABr)
Da Redação
Publicado em 9 de abril de 2014 às 18h35.
Brasília - O chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou nesta quarta-feira, em audiência na Câmara, que a pasta fez uma recomendação para que estatais patrocinassem evento realizado no 6º Congresso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) por uma entidade ligada ao grupo.
O congresso do MST culminou com uma tentativa de invasão do Supremo Tribunal Federal (STF) e um quebra-quebra na Praça dos Três Poderes, em Brasília, que deixou 32 feridos, entre eles, 30 policiais.
O jornal O Estado de S.Paulo revelou em fevereiro que a Mostra Nacional de Cultura Camponesa, organizada pela Associação Brasil Popular (Abrapo), recebeu R$ 650 mil da Petrobras, R$ 350 mil do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 200 mil da Caixa Econômica Federal como patrocínio.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) despendeu ainda R$ 448 mil para mostrar a estrutura para o evento. A mostra aconteceu na área externa do Ginásio Nilson Nelson, em área cedida à entidade pelo governo do Distrito Federal com o argumento de que fazia parte do congresso, que concentrou as atividades no setor interno.
Convocado pela Comissão de Segurança Pública da Câmara, Carvalho disse que a Secretaria-Geral da Presidência da República atuou em favor da liberação dos recursos.
"Fiz uma recomendação a essas estatais para que realizassem esses patrocínios", disse. Perguntado pelo vice-presidente nacional do DEM, Ronaldo Caiado (GO), se tal gestão não significaria tráfico de influência, Carvalho esclareceu que o pedido foi feito de forma institucional, por meio de um comitê de publicidade do governo.
"Existe na Presidência, no governo, um comitê de patrocínio, que recebe um número grande de pedidos. É um comitê do qual a Secretaria-Geral faz parte para sugerir apoio ou não. É através desse comitê", disse.
"O que faço é dentro da estrutura, um funcionário nosso, dar uma opinião. Eu dei sim esse parecer, dentro desse comitê. Não cometi tráfico de influência. Não infringi nenhuma norma", complementou.
O chefe da Secretaria-Geral da Presidência afirmou ainda que não quis criticar a polícia ou os soldados feridos ao questionar o início do conflito na Praça dos Três Poderes.
Diz que houve uma falha de informação na polícia, negou que o MST tivesse interesse em promover a invasão do STF e relatou ter visto a confusão de seu gabinete e que os próprios diretores do movimento evitaram um conflito mais grave.