Da Redação
Publicado em 27 de outubro de 2016 às 18h34.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h44.
A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, deixou para o último dia a confirmação de que comparecerá à reunião convocada pelo presidente da República, Michel Temer, para esta sexta-feira, às 10 horas. Estarão presentes também o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O objetivo oficial é discutir segurança pública. Mas o que importa mesmo é apagar o fogo entre a ministra e Renan. Há uma semana os chefes do Legislativo e do Judiciário vêm se estranhando publicamente, depois de declarações do senador contra o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal. Ele autorizou a Operação Métis, da Polícia Federal, que prendeu agentes da polícia legislativa.
Renan afirmou que o juiz abusou de sua competência; Cármen, que o senador destratou toda a classe de juízes. A opinião da ministra foi acompanhada por associações de juízes e magistrados Brasil afora. “Esse tipo de atitude de Renan causa na população um descrédito do Judiciário e das instituições”, diz o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil, Roberto Carvalho Veloso.
A reunião com Renan é especialmente incômoda por dois motivos: o senador é alvo de 12 inquéritos, e Cármen não quer ser vista como suspeita na hora do julgamento das ações penais. Além disso, seu companheiro de corte, o ministro Teori Zavascki, suspendeu a Operação Métis na tarde desta quinta-feira e mandou transferir todo o processo da Justiça Federal do Distrito Federal para o Supremo.
Enquanto isso, também na quinta, um grupo de cinco juízes entrou com uma representação no Conselho de Ética do Senado contra Renan por quebra de decoro. É uma crise que tende a se agravar com o avanço das investigações e dos julgamentos.